Francisco Bosco, quando assumiu a Funarte, deixou de colaborar regularmente com O Globo, onde mantinha semanalmente uma coluna muito lida e prestigiada. Ao aceitar o convite do futuro prefeito para, a partir do dia 1º de janeiro, assumir a Secretaria da Cultura de Porto Alegre, penso que essa é a decisão correta a seguir. Com sentimentos contraditórios, encerro hoje minha presença regular no Segundo Caderno. As razões apresentadas por Bosco são as minhas: deixar o jornal, colaboradores e leitores, absolutamente serenos para toda e qualquer manifestação sobre meu trabalho na área pública local.
Queria registrar meu contentamento por ter integrado o time de colunistas da Zero Hora. Foram 81 colunas, esta incluída, onde tive estímulo e liberdade para ocupar este espaço. Não é pouco, a liberdade. Por isso mesmo, como diz Maria Bethânia, preciso abraçar e agradecer. Primeiro, meus venerandos editores, todos: Cláudia Laitano, Ticiano Osório, Patrícia Rocha, Francisco Dalcol e Daniel Feix. Conhecê-los melhor foi um grande presente. Repartir as quintas-feiras com Carlos Gerbase, outro. Melhor foram os e-mails dos leitores, conhecidos e desconhecidos. Emoção genuína. Que este Segundo Caderno, fundamental e necessário, continue cada vez com mais gás.
2016 foi um ano marrento. Oscilou entre a insensatez e o delírio. Mas não queria terminar reclamando. Como diz a música da Elis, "o novo sempre vem".
O novo. De novo. Meta de vida, ecos de Artaud: "Ele não sabia que era impossível, foi lá e fez". Será meu mantra de trabalho, um mandamento norteador.
Num ano em que o inspirado programa do Roberto Carlos me levou às lágrimas e onde o comercial natalino do Zaffari, embalado por Vitor Ramil, atingiu status de obra de arte, também houve péssimas notícias. A decisão de acabar com a TVE e a FM Cultura jogou minha autoestima no chão. Mas como diria o Caio F.: "Cuidar do que resta é sempre o que nos cabe fazer".
No que me toca, vou cuidar da cultura da cidade.