“Los hermanos sean unidos/Porque esa es la ley primera/Tengan unión verdadera/En cualquier tiempo que sea/Porque si entre ellos pelean/Los devoran los de afuera.”
Martín Fierro, de José Hernández, resume de uma maneira perfeita a ideia deste texto. É sabida a crise política que vivemos, e não há como ignorar momentos como o que vivemos, já que a cultura e o povo são os que mais sofrem. Muita gente tem aproveitado as redes sociais para se manifestar, conhecer opiniões, terminar amizades e, o pior, iniciar discussões ofensivas. Postura, aliás, retratada muito bem naquela votação da Câmara dos Deputados e que chocou a todos nós. Dura realidade de quem nos representa, mas que, pensando bem, mostra muito do como entendemos o processo da democracia do “pensar” e “opinar”. Nesse ponto, caímos novamente em um setor abandonado desde o Brasil Colônia: cultura! Afinal, desde o princípio, o que era nosso de verdade foi se extinguindo pela dominação do colonizador.
Foi nesse período de ânimos alterados que nos visitou em Porto Alegre – para se apresentar no projeto Decolagem, de Luiz Carlos Borges – o compositor argentino Antonio Tarrago Ros. Conhecido por ser um digno representante do chamamé, estilo que vai além da música e tem forte representação da província de Corrientes, na Argentina, Tarrago é pensador, estudioso, comunicador e um verdadeiro batalhador da cultura de seu país. Foi uma espécie de alento conversar e trocar ideias com alguém cheio delas, engajado na integração no sentido mais profundo do entendimento de que somos, a América do Sul, um só lugar a defender. Algumas frases que disse ficaram marcadas em minha memória e divido com vocês para que pensemos, artistas e público:
“Quando tudo terminar e não restar mais nada, o que de fato vai ficar do Rio Grande do Sul? O que diz algo desse lugar? Essa é a verdadeira cultura daqui!”
“O atual momento não permite que peleemos entre nós. Nativistas, tradicionalistas, independentemente dos conceitos, temos o mesmo objetivo de preservar a identidade. Claro que temos diferenças, mas este é o momento de nos protegermos contra o inimigo comum. Contra os estilos qued ominam nosso Estado, nosso país e cada vez mais roubam nossa identidade. Depois resolvemos nossas questões internas...”
José Hernandez segue tendo razão!