Andreia Horta, 32 anos, é miúda. Pequena, silhueta fininha, rosto de boneca, pele de porcelana. Linda, como todos veem pela tevê. Mas dividir o ambiente com ela é ter a oportunidade de perceber mais: o quanto ela se torna gigante quando abre um sorrisão acompanhado de uma gargalhada, revelando a simpatia e simplicidade de quem está, acima de tudo, se divertindo com o trabalho.
Em uma conversa nos estúdios da TV Globo no Rio de Janeiro, onde a reportagem esteve na terça-feira, 31, o que ela mais fez foi sorrir e falar apaixonadamente de sua heroína Joaquina/Rosa Raposo. Apontou semelhanças e diferenças com a personagem, comparou com as mulheres de hoje e comentou a repercussão nas ruas e nas redes sociais. Confira o bate-papo!
Diário Gaúcho – Numa época em que o feminismo está tão em evidência e que as mulheres ainda lutam arduamente pelos seus direitos, a Joaquina é uma personagem que poderia perfeitamente viver nos dias de hoje, não é mesmo?
Andreia Horta – Ela não tem elaboração de gênero, claro, ela é de 1800 e ainda não estava elaborando essas questões. Ela tem um coração feminista anterior à discussão de conceitos, ela está falando de igualdade de ser humano. Mas se chegasse um pouco mais pra frente, sim, ela levantaria essas questões. Ela é uma voz tão lúcida que, se perpassasse no tempo, teria o discurso das maiores pensadoras do mundo. Seria uma cientista política, ela seria muito ativa e muito f*** em qualquer tempo (risos).
Diário – Como você faz para evitar que a sua personagem se torne a mocinha chata, tão comum e criticada, e ainda cair no gosto do público?
Andreia – Eu concordo com tudo que a Joaquina fala, ela é muito justa, muito lúcida. Ela não vai deixar passar nenhum maltrato, nenhum desaforo. Ela é muito reta. Se você olha pra isso com valor, não tem como dizer que ela vai ser chata ou caricata. É uma grande personagem, não poderia cair nesse lugar.
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Diário – Você costuma fazer mulheres fortes na tevê. O que empresta a elas e o que pega emprestado?
Andreia – Fico com mais presentes do que eu dou. O que um artista oferece é um mistério que acho legal que fiquei pairando: o que será que é dela e o que não é? Pouco importa, porque tudo é uma invenção e é a realidade daquele período. Fico imensamente feliz com essas personagens, a força delas é o seu próprio drama.
Diário – Joaquina não leva desaforo pra casa. Você também é assim?
Andreia – A gente é convidado diariamente para a mediocridade, mas tem discussões e desaforos que não estou interessada. Eu filtro mais o que me interessa e levo adiante quando acho que precisa ser falado.
Diário – Como está sentindo a repercussão?
Andreia – Nas ruas, acho engraçado quando me chamam por nome e sobrenome: "E aí, Rosa Raposo!", é sinal que as pessoas estão acompanhando a novela. A única rede social que tenho é Instagram. É ali que eu consigo ver isso. Alguém escreveu outro dia: "Rosa, não casa com o Rubião! Ele matou sua mãe, entregou seu pai, por favor!" Eu falei: "Gente, que pessoa querida, ela veio me avisar que eu tô pagando de otária na praça (risos)! Isso é uma coisa muito legal. Fico muito feliz.