Belém – A partir do dia 5 de agosto, Porto Alegre e outras nove cidades gaúchas receberão a segunda etapa do Projeto Sonora Brasil, promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc). Na primeira etapa, em 2015, circularam pelo Rio Grande do Sul quatro grupos de violeiros. Desta vez, virão grupos de quatro Estados com o programa Sonoros Ofícios – Cantos de Trabalho, que no ano passado se apresentou em cidades no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A segunda etapa foi lançada neste quinta-feira em Belém (PA), com apresentações de violeiros e cantadeiras no Teatro Margarida Schivasappa. Dirigentes do Sesc e artistas deram entrevista coletiva à imprensa com presença de jornalistas de várias capitais.
– Admitimos correr riscos com um projeto como este, que não trata com nomes conhecidos, até pelo contrário. Mas correr riscos é um de seus méritos – disse o coordenador de Educação e Cultura da entidade, Paulo de Camargo.
Neste ano, serão 418 apresentações em 114 cidades. Desde 1998, quanto teve início, o Sonora Brasil já contou com a participação de cerca de 80 grupos em mais de 4,9 mil apresentações assistidas por 520 mil pessoas. A grande maioria dos grupos vem de pequenas cidades, até lugarejos, pois um dos focos do projeto é a interiorização, com fomento, inclusão e preservação de manifestações populares, resume Camargo.
Durante a coletiva, Dona Isabel Barbosa, integrante do grupo Cantadeiras do Sisal, do município baiano de Valente, disse:
– Nossa cultura estava morrendo, e a chegada do Sonora parece estar mudando tudo.
Ailton Aboiador, da mesma localidade, com uma existência dedicada a cuidar do gado, foi mais longe:
– Sou um vaqueiro, um poeta, um cantador, e este projeto é a coisa mais importante que aconteceu em minha vida.
O investimento do Sesc no circuito 2015/2016 chega perto de R$ 10 milhões.
– O cachê do Paul McCartney. Ou do Eduardo Cunha – brincou alguém na coletiva.
Porto Alegre receberá o Sonora Brasil em quatro dias, no Teatro do Sesc, de 16 a 19 de agosto, respectivamente: Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Mestre Nelson Rosa (AL), Cantadeiras do Sisal e Aboiadores de Valente (BA), Grupo Ilumiara (MG) e Quebradeiras de Coco Babaçu (MA). O Ilumiara, de Belo Horizonte, é o único que não está relacionado a uma prática da tradição – é formado por cinco músicos pesquisadores que apresentam repertório recolhido em pesquisas sobre as diversas vertentes do tema cantos de trabalho.
A abertura do projeto no Estado será em Canoas, no dia 5 de agosto. Uma vez por mês, até novembro, os canoenses assistirão aos quatro grupos. O mesmo ocorrerá em Montenegro, Camaquã, Pelotas, Alegrete, Santa Rosa, Ijuí, Carazinho e Passo Fundo. Com 88 teatros e 136 cinemas, além de galerias de arte e bibliotecas espalhados pelo país, o Sesc – uma entidade privada – comemora 70 anos em 2016.
* O colunista viajou a convite do Sesc