O novo vídeo do Porta dos Fundos lançado nesta segunda-feira, no YouTube, ironiza as denúncias que ligam o grupo ao governo. O esquete apresenta uma reunião dos atores na qual se discute os rumos da trupe após a repercussão Delação, publicado no dia 2 de abril, que virou alvo de boicote. Na ocasião, os usuários acusaram o grupo de governista e de beneficiários da Lei Rouanet, que direciona recursos de incentivos fiscais para a cultura.
Intitulado Reunião de Emergência 3, A Delação 2, o vídeo conta com diversas referências metalinguísticas: os atores vestem camisetas vermelhas do PT e da CUT, além de portarem boné do MST, bandeira de Cuba e até um caviar (satirizando o termo "esquerda caviar"). Também há alfinetadas para o discurso governista ("corrupção de tucanos infiltrados"). Na trama, Antonio Tabet, Fábio Porchat, Gregorio Duvivier e João Vicente de Castro se encontram desesperados com a descoberta do público de que eles seriam ligados ao Partido dos Trabalhadores.
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– Tá tudo muito bem explicado em memes de Facebook. A arte é um pouco ruim? É. Poderia melhorar? Poderia. Mas é inegável que eles fizeram um excelente trabalho de investigação – diz Tabet no esquete, que acusa Duvivier de "dar muita pinta" por apoiar o governo.
– Depois de vários vídeos contra o governo, bastou um único vídeo a favor para sermos descobertos – lamenta João Vicente.
O roteiro do novo vídeo foi escrito por Porchat, que também já havia sido o responsável por Delação. Assista:
Delação
No esquete que gerou polêmica, um investigador da Polícia Federal (Gregorio Duvivier) interroga um delator (Fábio Porchat). Para o policial, só interessam informações contra o ex-presidente Lula, enquanto as revelações que envolvem outros partidos, como o PSDB, devem ser abafadas.
No entanto, Delação motivou uma campanha de boicote nas redes sociais. Além de comentários negativos, muitas vezes citando um financiamento que o grupo teria sido autorizado a captar pela Lei Rouanet, usuários marcaram a a opção "não curtir" mais de 500 mil vezes.
Sócio e roteirista do grupo, Antonio Tabet desabafou na semana passada em sua página no Facebook sobre o boicote: "Incentivar a censura ou a intolerância nada mais é que um recibo de que você pode ser tão fascista quanto os fascistas que critica. Sejam eles imperialistas americanos ou comunistas cubanos".
Publicado por Antonio Pedro Tabet em Domingo, 3 de abril de 2016
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Tabet também citou os dois vídeos da série Reunião de Emergência para relatar que o grupo não tem um pensamento singular.
* Zero Hora