O cantor carioca Marcelo Mimoso jamais havia assistido a um espetáculo de teatro quando João Falcão o descobriu cantando forró em um bar da Lapa. Impressionado com sua autenticidade, o diretor o convidou para interpretar Luiz Gonzaga (1912 1989) no musical Gonzagão - A Lenda, que estreou em 2012 (ano do centenário de nascimento do homenageado) e chega a Porto Alegre para sessão única neste sábado, às 19h, no Parque da Redenção, com entrada franca. Serão disponibilizadas 2 mil cadeiras ao público.
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Assim como o Rei do Baião, Mimoso teve influência do pai sanfoneiro. Filho de paraibanos, o cantor e ator lembra que a música de Gonzagão sempre esteve presente em sua formação:
– São músicas que nunca vão morrer, mesmo daqui a 50 ou cem anos. Hoje, há no mercado sucessos que vem e vão. Mas ele nunca foi um sucesso passageiro. Até mesmo no Sudeste vemos jovens tocando sanfona, zabumba e triângulo.
No mês que vem, Mimoso entrará em estúdio para gravar seu disco de estreia, focado no forró “de raiz”, com canções suas e de amigos. Contará com a participação do músico paraibano Flávio José e outros convidados que ainda está garimpando. Ele adianta que os espetadores gaúchos de Gonzagão – A Lenda poderão se surpreender com a semelhança de sua voz com a do original:
– Ao final das apresentações, as pessoas vêm falar comigo emocionadas, chorando. Algumas já perguntaram se faço playback, por causa do timbre. Peguei muito o timbre do meu pai, que tem uma voz parecidíssima com a do Luiz Gonzaga. Isso chamou a atenção do João (Falcão).
Assistido por mais de 200 mil pessoas em 11 Estados, o musical narra a história de Luiz Gonzaga da infância difícil em Pernambuco (ele nasceu na cidade de Exu) ao sucesso nacional. Mas não espere rigor biográfico: como o subtítulo do espetáculo indica, o mito está presente o tempo todo. Há inclusive um encontro imaginado entre o protagonista e Lampião, a quem Gonzagão de fato admirava, tendo adotado figurino semelhante, inspirado nos vaqueiros nordestinos.
Espetáculo apresenta cerca de 40 músicas
Em cena, sua vida é contada em tom de fábula por uma “trupe do futuro”. Assim, as duas tramas – da trupe e de Gonzagão – se desenvolvem paralelamente. O repertório inclui cerca de 40 canções, como Asa Branca, O Xote das Meninas e Cintura Fina. Também integram o elenco Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Lucianna Vieira, Paulo de Melo, Renato Luciano e Ricca Barros. Para o diretor João Falcão, o Brasil conhece mais a obra de Luiz Gonzaga do que se costuma imaginar:
– Às vezes, estamos familiarizados com suas músicas mas não sabemos que são suas. Luiz influenciou muitos mestres, como Gilberto Gil e Caetano Veloso. Nossa música certamente seria diferente se não fosse ele. Quando um artista é autêntico dentro no âmbito regional, sua obra transcende esse limite e se torna universal.
Toda essa atualidade foi comprovada pelas apresentações públicas do musical, que foi criado para ser encenado dentro de teatros. Segundo Falcão, foram 10 mil espectadores em Recife, 7 mil em Maceió e 5 mil em cidades como São Paulo e Rio.