Ela nasceu Dominique Pinto, em Porto Alegre, há 26 anos, cresceu como "La Nena", em Buenos Aires, e virou "Dom", em Paris, onde vive desde os 18. Para a cantora e violoncelista gaúcha que se apresenta nesta quarta, no Theatro São Pedro, às 21h, mesmo com suas múltiplas raízes, o sentimento é o de tocar em casa. Dom La Nena retorna à Capital para mostrar o show de seu segundo disco, Soyo (2015).
– Tocar em casa sempre é especial. Cada uma dessas cidades tem seu significado para mim. Porto Alegre me remete à infância, à família e, por isso, é uma emoção um pouco nostálgica. Em Buenos Aires, é diferente, minha relação com a cidade é muito forte, vinculada à adolescência, à música clássica. A primeira vez que toquei lá durante a turnê do "Ela" foi em 2014, e fazia sete anos que eu não voltava à cidade. Foi uma surpresa enorme a receptividade e o entusiasmo com que o público e a imprensa me receberam e, desde então, sempre que volto é uma festa! – diz Dom, por e-mail.
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Em Soyo, combinação de "soy yo" ("sou eu", em espanhol), Dom parece lançar a resposta a quem a tenta definir desde seu primeiro álbum, Ela (2013), pelo qual recebeu elogios da crítica. Dom começa Soyo com La Nena Soy Yo, em um espanhol acentuadamente argentino, passa por uma divertida Juste une Chanson (veja vídeo abaixo), com refrão em francês, e encaminha o final com Carnaval, melancólica canção em inglês sobre um tema bem brasileiro:
– A escolha do idioma é totalmente inconsciente. As canções escolhem por elas próprias, em geral. Às vezes, misturo os idiomas dentro da canção que o refrão pede sonoridades em espanhol, mas o verso em português, ou vice-versa
Soyo foi produzido em parceria com o "hermano" Marcelo Camelo. Dom buscava um disco solar, nuance que fica evidente nas canções Menino, Lisboa e Volto Já.
– Meu primeiro reflexo era o de ir em direção a algo mais intimista, porque era assim que eu costumava trabalhar. O Marcelo tinha uma visão muito mais clara dessa parte solar e rítmica que as músicas estavam precisando – explica a violoncelista, que dividiu com Camelo todos os instrumentos na gravação do disco. Ele tocou bateria, percussão, baixo, guitarra, violão e clarone. Ela, por sua vez, foi responsável pelos pianos, violoncelos, arranjos de vozes, "algumas percussões e algumas guitarras".
Dom passou dois anos na estrada com a turnê de Ela (2013), num "momento de nomadismo intenso", ambiente em que começou a compor as músicas de Soyo. Fez mais de 200 shows com Jane Birkin, atriz e cantora musa de Serge Gainsbourg.
– Isso com certeza está muito presente nas músicas de Soyo, mas acho que é algo mais profundo. Fazem referência ao fato de eu ter crescido em diferentes países e ter perdido um pouco a minha raiz. Ou desenvolvido várias, não sei bem...
Além da carreira solo, Dom mantém o duo Birds on a Wire com Rosemary Standley, vocalista do grupo franco-americano Moriarty. Em junho, elas se apresentarão em Paris com a Orquestra de Câmara de Londres, em concerto com arranjos feitos por Mike Smith (pianista e diretor musical do Gorillaz).
Programe-se
Dom La Nena
Nesta quarta, às 21h, no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/n°).
Onde estacionar: no Multipalco, com entrada pela Rua Riachuelo, 1.071, a R$ 15 e R$ 10 (associados da AATS).
Ingressos: R$ 100 (plateia e cadeira extra), R$ 80 (camarotes central e lateral) e R$ 60 (galerias). Há desconto de 50% para associados da AATSP (ingressos limitados), estudantes, idosos ou mediante a doação de 1kg de alimento não perecível ou um livro. À venda na bilheteria do teatro, a partir das 13h.