Intérprete do personagem Pancrácio, um professor desempregado que utiliza disfarces para não ser reconhecido como morador de rua na novela Êta Mundo Bom!, Marco Nanini é centro de uma polêmica envolvendo racismo. Isso porque, para a gravação de alguns capítulos, o ator utilizou a chamada "blackface" (maquiagem usada por atores brancos para simular traçoes negros). A imagem foi registrada pela atriz Flávia Alessandra, que a publicou em sua conta no Instagram e recebeu uma enxurrada de comentários negativos.
"Em pleno 2016 e com TANTA informação não é possível que essas pessoas não tenham uma noção de que BLACK FACE É RACISMO", "Blackface? Estamos em 2016, já, parem de micao", "Racistas otários nos deixem em paz" e "é crime isso, cara. Que papel ridículo que vcs fazem, deviam ter o mínimo de consciência por ser um veículo midiático" foram alguns dos 540 comentários deixados na publicação da atriz. A maquiagem de Nanini é composta por tinta preta sobre a pele e uma peruca com cabelo crespo.
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No Twitter, o autor da novela Walcyr Carrasco respondeu de forma revoltada: "Acusam de racismo pq um dos disfarces de Marco Nanini em Êta Mundo Bom! é de negro. É um absurdo! Na novela, um menino negro é protagonista! Com essa exigência do politicamente correto, o mundo perdeu o humor! E mais tarde, Nanini fará uma gueixa. Entre tantos personagens, vão dizer que é preconceito contra os orientais! Santo Deus!", escreveu. Carrasco usou como exemplo o fato de Grande Otelo ter usado maquiagem para se passar por Julieta, uma personagem branca. Após uma reposta de uma seguidora, que afirmou não haver "racismo inverso", o autor se justificou: "Eu só quis dar um exemplo, não existe racismo reverso. Mas é exagero porque a cena não foi ao ar para ser julgada".
A blackface é uma prática antiga, que começou nos minstrel shows norte-americanos, que maquiavam seus atores de forma exagerada e estereotipada para representar personagens negros – normalmente em situações depreciativas. Durante os movimentos de direitos civis da década de 1960, a ferramenta teatral tornou-se menos comum nos Estados Unidos. Por conta de seu histórico racista e de sua representação por vezes caricata dos traços negros, a prática é muito contestada por movimentos sociais e ativistas dos direitos negros.