Scorsese na música
O balé erótico de Harvey Keitel e sua parceira viajando com The End, clássico do The Doors, em Quem Bate à Minha Porta? (1967), a entrada de Robert De Niro no bar embalado pelo poderoso riff de Jumpin’ Jack Flash, hit dos Rolling Stones, em Caminhos Perigosos (1973). Desde o começo de sua carreira, Martin Scorsese mostra que, além de um cineasta cinéfilo, é também um cineasta musical – costuma pinçar suas trilhas da coleção de vinis que inclui bolachões raros em 45 e 78 rotações.
A relação do diretor de 73 anos com o rock’n’roll em particular envolve paixão e intimidade. Scorsese empunhou uma das câmeras e colaborou na montagem de Woodstock (1970), registro do histórico festival assinado por Michael Wadleigh, e dirigiu aquele que é considerado um dos melhores documentários musicais já feitos: O Último Concerto de Rock (1978), espetáculo em que a The Band saiu de cena reunindo nomes como Bob Dylan, Neil Young, Eric Clapton, Joni Mitchell e Van Morrison. Três gigantes têm filmes a eles dedicados por Scorsese: Bob Dylan (No Direction Home, 2005), Rolling Stones (Shine a Light, 2008) e George Harrison (Living in the Material World, 2011).
Com os Stones, a relação do cineasta é especial. Cassino (1995) tem seis canções na banda na trilha, incluindo Gimme Shelter, faixa que Scorsese incluiu, entre outras do grupo, em filmes como Os Bons Companheiros (1990) e Os Infiltrados (2006).
Jagger no cinema
Seguindo o caminho dos ídolos da música que se lançam como astros do cinema – a exemplo de Frank Sinatra e Elvis Presley, entre outros – , Mick Jagger repetiu os passos que lavaram também seu amigo John Lennon à frente das câmeras, em Como Eu Ganhei a Guerra (1967). Mas se o ídolo dos Beatles não se interessou muito pela carreira de ator, o cantor dos Rolling Stones foi mais ambicioso.
Jagger estreou no cinema como o protagonista de A Forca Será tua Recompensa (1970 ), faroeste no qual viveu o famoso fora-da-lei australiano Ned Kelly. Em seguida, participou de Performance (1970), filme cult no qual vive um astro do rock que abriga em sua mansão um gângster em fuga. Na trama, o choque entre o estilo de vida hedonista do músico, celebrado em altas doses sexo, drogas e rock’n’roll com suas belas companheiras, e do bandido coloca o ambiente sob tensão psicológica e erótica. O transgressor Performance é um dos melhores filmes britânicos do período e ilustra o espírito libertário da contracultura remanescente da Swinging London.
Nos anos 1990, Jagger viveu um vilão canastrão na aventura futurista Freejack: Os Imortais (1992) e foi elogiado por seu papel em Bent (1997), drama ambientado na Alemanha nazista no qual vive uma travesti cantora. Jagger marcou boa presença ainda no drama romântico Confissões de um Sedutor (2001), protagonizado por Andy Garcia.