Quando Street Fighter II foi lançado pela Capcom, há 25 anos, era difícil imaginar que a sequência de um game fracassado pudesse dar sobrevida aos fliperamas, numa época em que os consoles já eram populares nas salas de casa. Mas, ao unir variedade de personagens e golpes, excelente jogabilidade e, principalmente, um formato de duelos que colocava dois jogadores frente a frente, o título virou fenômeno.
Lançado em 6 de fevereiro de 1991, o jogo vendeu mais de 200 mil máquinas até 1992, mais milhões de fitas de console comercializadas a partir do ano seguinte, quando o jogo fez sucesso em videogames como Super Nintendo e Mega Drive. Números que consolidam SF2 como o terceiro jogo de fliperama mais vendido e um dos mais influentes da história.
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– Street Fighter II trouxe o elemento competitivo. Por ser um jogo muito bem feito e complexo, você precisava saber jogar para ganhar. E os jogos que premiam a competência se sobressaem – avalia Pablo Miyazawa, editor-chefe do IGN Brasil, portal especializado em games.
À época, um dos idealizadores do jogo, Yoshiki Okamoto, disse que a ideia era “retomar Street Fighter, que partia de um bom conceito, e transformá-lo em um game melhor de jogar”. A comparação com a primeira versão do game, lançada quatro anos antes, ajuda a entender por que o sucesso veio só no segundo lançamento.
A gama de personagens, que já contava com Ryu e Ken, ganhou figuras marcantes como Dhalsim, Zangief e o brasileiro Blanka, ainda que estereotipados. Todos se tornaram ícones da cultura pop e rendem sequências à franquia até hoje – Street Fighter V já está em pré-venda e será lançado em 16 de fevereiro. Houve também os golpes clássicos, como hadouken e shoryuken, que faziam jovens comprarem revistas em busca dos códigos para socos e chutes perfeitos.
Cleidson Lima, curador do Museu do Videogame, lembra que o SF2 se valeu muito do cinema para atingir seu público-alvo: golpes que extrapolavam os limites da física, pano de fundo envolvendo um torneio de luta mundial (premissa parecida com a de filmes como O Grande Dragão Branco e Karatê Kid) e uma trilha sonora que acabou eternizada colocam o game um degrau acima de seus contemporâneos. Se a primeira versão de Street Fighter não chamava muita atenção entre os outros jogos de fliperama da época, o segundo lançamento ganhou ares de blockbuster.
– Foi um divisor de águas. Com Street Fighter II, a Capcom mostrou de fato a que veio, solucionando as deficiências da primeira
versão do jogo e apresentando uma gama maior de personagens. O jogo se tornou um dos mais jogados nas máquinas do Japão e dos Estados Unidos e, no ano seguinte, já tínhamos concorrentes como Mortal Kombat, outro clássico – lembra Cleidson.
Atualmente, com os fliperamas quase extintos e consoles como Super Nintendo e Mega Drive escondidos em gavetas, a única maneira de relembrar Street Fighter II é em emuladores na internet. Porém, quando você estiver descendo a lenha (virtualmente) em seu melhor amigo, lembre-se: tudo começou com um “hadooouuken”.
Os personagens que marcaram época
Ryu: o japonês, mestre nas artes marciais, é o personagem principal do game. Veste um quimono branco, uma faixa preta e luvas.
Ken: o norte-americano é o melhor amigo e oponente de Ryu – os dois treinaram karatê com o mesmo mestre desde a infância.
Blanka: brasileiro, é o único não humano. Após um acidente aéreo na Floresta Amazônica, virou um monstro com poderes elétricos.
Guile: o militar norteamericano entra na competição para vingar a morte de um companheiro pelas mãos do ditador Bison.
E. Honda: o lutador de sumô foi criado para popularizar o jogo no Japão. Usa maquiagem típica dos espetáculos japoneses kabuki.
Chun-Li: representante do sexo feminino do jogo, a chinesa é especialista em artes marciais e busca vingar a morte do pai pelo chefão Bison.
Zangief: representante do universo soviético, é considerado o primeiro personagem de jogos de luta a usar táticas de luta agarrada.
Dhalsim: misto de homem e divindade, o indiano flutua, consegue esticar braços e pernas e controla o fogo.