Impossível um repórter que gosta do que faz deixar de vibrar com a vitória de Spotlight – Segredos Revelados no Oscar. Mesmo que alguns considerem imerecido o prêmio. Mesmo que outros filmes tenham roteiro mais instigante e oscarizável – veja o quase surreal enredo de A Garota Dinamarquesa.
Vi tudo que pude em filmes sobre jornalismo, a começar pela Montanha dos Sete Abutres (uma crítica ao sensacionalismo sem escrúpulos) e incluindo o hilário O Jornal – este, aliás, bem mais vibrante e com atores mais caricatos do que Spotlight.
O grande diferencial de Spotlight ("holofote", em inglês) é que não é um filme que se limita ao glamour da profissão. Ele retrata o jornalismo como ele é – por vezes lento, imperfeito, cheio de revezes e até com apurações malfeitas.
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Atividade com investigações que levam anos, marcada por imprevistos que adiam ainda mais o resultado final (como os atentados de 11 de Setembro, que paralisaram a apuração dos escândalos de pedofilia retratados no filme agora oscarizado).
Um ofício sujeito a chuvas e trovoadas, um modelo tecnológico em xeque, mas ainda assim uma profissão imprescindível, como mostra Spotlight.
Uma janela pela qual a comunidade pode eviscerar os podres poderes. Viva o holofote da mídia.