Numa dessas coincidências que só acontecem nas férias, num final de tarde terminei o romance Funny Girl, de Nick Hornby, e, no começo da noite, sentei para ver o filme Brooklyn, de John Crowley, baseado no romance de Colm Toibin. Até aí, nada demais. Quando vieram os créditos, contudo, para minha surpresa li que o roteiro era de Nick Hornby. Dois Hornbys no mesmo dia. Os dois muito bons. E muito diferentes. Como o autor de Alta Fidelidade, livro com largas doses de ironia inglesa e tão conectado ao rock’n’roll, pode escrever o roteiro de um filme ultrarromântico, que conta a história de uma imigrante irlandesa que vai para os EUA na década de 1950? Como o cara que, em Funny Girl, conta piadas sobre a difícil arte de contar piadas na TV dos anos 1960 (e nos faz rir bastante), de repente se transforma no artesão dos diálogos sutis, das emoções escondidas e dos dramas muito íntimos que constroem a trama de Brooklyn?
Opinião
Carlos Gerbase: O eclético Nick Hornby
O colunista escreve quinzenalmente no 2º Caderno