Não sei se a vida imita o vídeo ou o contrário. O fato é que os reality shows dominam nossas programações televisivas e o público gosta muito de acompanhá-los.
Alguns me atraem, confesso, principalmente os ligados à música. Percebo que os programas voltados a produzir novos artistas - ou a descobri-los - causam no público uma certa euforia, uma espécie de "fazer parte" da construção da carreira de um novo cantor ou de uma nova banda que logo estará tocando na rádio (ou em algum aplicativo de streaming, o que é mais provável).
Se a gente pensar que há pouco tempo estar em um canal de televisão era privilégio de poucos talentos e que agora qualquer um de nós pode publicar seu vídeo na internet, contar com um pequeno boca a boca e logo ter milhões de visualizações, vai enxergar a democracia da arte: os novos tempos tecnológicos da comunicação em que todos têm acesso. Claro que nem sempre todos são bons e esse também é, a meu ver, um benefício: cada vez temos mais opções enquanto público e o poder da escolha entre tantas opções ganha mais importância, certo?
Bueno, mas meu assunto é outro.
Não poderia deixar de comentar o quão emocionante, entre todos esses shows de realidade, está sendo o The Voice Kids. Há muito tempo acompanho aqui pelo Rio Grande os festivais infantis de música, dos quais já participei e sei da importância. Eu devia ter lá meus oito anos de idade e tinha a oportunidade de subir em um palco com som e estrutura profissionais.
A competição na infância, por mais malvista que seja por algum aspecto psicológico, também ensina a ganhar e perder, a lidar com a frustração inevitável da vida.
O fato é que da minha época para agora aumentou - e muito - o número de festivais nativistas que contemplam categorias para as crianças e os jovens, além de alguns especificamente voltados para eles. Afirmo que são mais de 10 no Rio Grande do Sul e que faltam dedos para contar quantos talentos pequeninos já me surpreenderam e emocionaram por aí.
Então, é claro que essa volta toda é para falar da minha alegria e, por que não, orgulho em assistir e aplaudir os concorrentes gaúchos selecionados pelo The Voice Kids.
Inflei o peito quando os ouvi dizer que cantaram em festivais nativistas ou mesmo "sou de Santo Ângelo", sem dizer que a cidade ficava no sul do Brasil, porque afinal era tão óbvio!
Estou muito na torcida! E muito, muito feliz de perceber que esse movimento infantil, além de ter dado espaço, palco e público para ensinar essa gurizada, tem nos revelado que há muitas belas vozes em formação por aqui, cantando de forma educada e linda.
Parabéns, gurizada, estamos de dedos cruzados por vocês!