O título do filme é o mesmo, o nome dos personagens principais também. Mas Caçadores de Emoção – Além do Limite, estreia desta semana nos cinemas, não é uma refilmagem do cultuado filme de Kathryn Bigelow (de 1991). O mais correto seria dizer que se trata de uma grande homenagem – que, no entanto, tem tudo para agradar mais aos fãs de títulos de aventura de forma geral do que aos admiradores da trama protagonizada por Keanu Reeves e Patrick Swayze.
Ericson Core, que assina o novo longa, é um fotógrafo de filmes de ação e aventura que, até aqui, só havia dirigido O Invencível (2006), produção sobre futebol americano estrelada por Mark Wahlberg. Agora, leva sua câmera a um passeio vertiginoso pelos esportes radicais. É a primeira diferença com relação ao original: não há apenas surfe e ondas gigantes no novo Caçadores de Emoção, e sim montanhismo, paraquedismo, snowboard e base jump.
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Utah, personagem consagrado por Reeves 25 anos atrás, reaparece na pele do ator australiano Luke Bracey (de G.I. Joe). Ele é agora um aventureiro reconhecido, porém traumatizado pela morte de um amigo, mostrada nas primeiras sequências do longa. Em meio ao treinamento para ser agente do FBI (o que faz buscando expiar a culpa que sente pela perda do companheiro), percebe a conexão entre vários crimes praticados por esportistas radicais ao redor do planeta.
Esses crimes, o espectador logo vai descobrir, não têm como objetivo o enriquecimento próprio. Fazem parte de uma estratégia robinwoodiana de roubar dos ricos para dar aos pobres e, principalmente, devolver à natureza aquilo que a exploração sem limites tirou dela – entre os alvos da gangue estão, por exemplo, uma mineradora.
Quem encarna Bodhi, o líder do bando, é o venezuelano Édgar Ramírez (consagrado com Carlos e em cartaz no circuito em Joy). Ao se infiltrar entre os idealistas, Utah acaba desenvolvendo uma muito interessante – porque ambígua – relação com ele. Mas, recomenda-se, não vá ao cinema na expectativa de encontrar, nessa amizade-duelo, a riqueza vista no outro filme.
Ainda que tente dar complexidade à causa do grupo subversivo, Ericson Core é raso. Chega a ser quase infantil ao falar de sua obsessão por interagir com a natureza.
O que faz Caçadores de Emoção – Além do Limite funcionar, e que provavelmente o permitirá encontrar seu público, são as imagens das aventuras propriamente ditas. No ar, no mar ou entre as montanhas, sua câmera tem tudo para seduzir o espectador que estiver em busca de um filme sobre esportes radicais. Não à toa, o longa só está disponível na versão 3D: a aposta parece estar integralmente na fruição dessas imagens. Elas de fato funcionam. Mas quem quiser algo a mais – história boa, diálogos bons – deve direcionar sua procura a outras bandas.
CAÇADORES DE EMOÇÃO – ALÉM DO LIMITE
De Ericson Core
Aventura, EUA, 2015, 113min.
Em cartaz no circuito, apenas em cópias 3D, dubladas ou legendadas.
Cotação: 2 estrelas (de 5).