Uma poltrona, um violão. Uma luminária, uma mesinha, alguns livros. É com esse despojamento que Marina Lima tem se apresentado em No Osso, show que acaba de virar disco.
Em clima intimista, a cantora e compositora - cuja carreira foi consolidada em cima de canções de amor com roupagem eletrônica - apresenta antigos sucessos, novas composições e releituras em inglês, desnudando no palco a essência de seu pop.
- Não tem nenhuma gordura. É violão, voz e alma. Busquei canções em que o violão pudesse soar como uma orquestra - explica a intérprete em entrevista por telefone a Zero Hora, falando sobre o concerto apresentado em Porto Alegre em setembro passado.
Em No Osso - Ao Vivo, gravado em maio no Sesc Belenzinho, em São Paulo, Marina mostra temas como O Chamado, Virgem, 1º de Abril, Its Not Enough e O Solo da Paixão, além de lembrar Lobão e Julio Barroso, com Noite e Dia, e Cazuza, em Carente Profissional.
- São companheiros da minha geração, que eu sempre cantei. No show, também homenageio o Renato Russo com Ainda É Cedo - justifica a artista.
O álbum abre e fecha com a nova Partiu, que convida: "Partiu foi / Cola comigo / Partiu foi / Fora do umbigo". A última faixa, única que foge ao esquema voz e violão, é uma versão hiperdançante de Partiu, produzida pela dupla paraense Strobo - os músicos Léo Chermont e Arthur Kunz acrescentaram guitarras, teclados, baterias e programações eletrônicas que fizeram a música soar como um synthpop dos anos 1980:
- Quis mostrar um pouco do que pretendo fazer no próximo disco. O Strobo é uma das melhores coisas que eu ouvi na música brasileira nos últimos tempos. Estou fazendo uma música para o próximo disco deles.
No CD, antes de revisitar Não me Venha Mais com o Amor, parceria com Adriana Calcanhotto, uma surpresa: Da Gávea é um samba gingado, dedicado ao amor de Marina - segundo a cantora, uma apreciadora do gênero.
- Eu resolvi compor um sambinha pra marcar uns pontos ali, sabe? - revela.
Aos 60 anos de idade e 35 de carreira, Marina Lima afirma que já era hora de fazer seu primeiro espetáculo solo - "O rei fica nu assim", resume ela. E, para quem duvida do resultado desse desafio, a carioca radicada em São Paulo avisa:
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- Era importante para mim encerrar esse assunto da voz. Se eu tivesse algum problema com ela, jamais gravaria um disco só de voz e violão. Quem achar esquisito, tchau! Quem entender, vem comigo que no caminho eu explico.
No Osso - Ao Vivo
De Marina Lima
Pop, Universal, 14 músicas, R$ 24,90 (CD) e disponível nos canais de streaming.