The Last Panthers abre ao som de David Bowie, e isso já diz muito da série. Incomum, com uma nuvem trágica se estendendo sobre os céus cinzentos da Europa que a gente nunca vê, aquela que fica para lá de Bagdá, ou Budapeste, mais precisamente. The Last Panthers é uma coprodução europeia com um registro visual e narrativo muito fora do que estamos acostumados a ver. A cena da polícia francesa ocupando um enorme cortiço em Marselha, por exemplo, lembra demais The Wire, com a diferença de que aqui a polícia parece - mesmo - ser quem tem medo de estar ali.
The Last Panthers começa com um roubo de diamantes, um bom começo para qualquer coisa, ainda mais ao som de David Bowie, e não sabe mais onde vai parar. A série se desloca pela Londres onde vivem os que fazem o seguro de diamantes, passa pela França de onde os diamantes são roubados e se enfia no lado escuro da força europeia, os Bálcãs, de onde não se costuma sair sem cicatrizes. Não é apenas o clima e a fotografia que são sombrios. Tudo, praticamente tudo mesmo o é. Se você for ver, leve uma lanterna, conselho de amigo.
A história é baseada em uma famosa quadrilha de ladrões de diamantes sérvios (os ladrões), The Pink Panthers. Claro que a referência ao clássico A Pantera Cor de Rosa é direta. O que não vai ter aqui é um Inspetor Clouseau assassinando a língua inglesa a cada duas sílabas. The Last Panthers não tem a menor paciência com o humor. Nada aqui tem graça, ou é de graça.
Se eu fosse vocês dava uma olhada. Eu sinto que The Last Panthers escapa das armadilhas usuais das séries, e o faz com muito vigor e qualidade. A gente, eu, você, o senhor aqui ao lado, nunca vimos nada assim. E isso, caros leitores, no mundo das séries, vale ouro, ou seu valor em diamantes. Veja, mas não sozinho, porque The Last Panthers tende ao assustador.
Fica a dica.