Uma das coisas mais interessantes e inúteis desta vida é a gente ficar olhando para as nuvens e se perguntando: e se? E se o Zico não tivesse errado o pênalti? E se o Brasil tivesse sido descoberto pelos havaianos? E se... E se a Alemanha tivesse vencido a Segunda Guerra?
The Man in the High Castle navega por essas águas de um futuro que não houve, pra nossa sorte. O ano é 1962, e os Estados Unidos vivem sob o comando dos alemães e dos japoneses, sendo que os japoneses também vivem sob a tutela dos alemães, de forma nada discreta.
O mundo, caros leitores, sempre pode ser ainda mais assustador do que já é.
Nesse mundo, o nazismo chegou antes na Bomba, e por conta disso os americanos convivem com suásticas por toda parte. Claro que logo surge uma Resistência, lutando contra a opressão e o péssimo gosto artístico do nazismo, e é com ela que vamos andar por esse bravo e horroroso mundo novo. Existem mocinhos e bandidos, e claro que nem todo mundo é o que parece. Assim são os seriados de aventura, não é mesmo?
The Man in the High Castle é produção da Amazon, que busca seu espaço no mundo da nova tevê pela internet e, dessa vez, acerta. Ela acertou escolhendo um livro do grande Phillip K. Dick, o maior criador de mundos alternativos e assustadores que já existiu. Alguém viu Blade Runner? Total Recall? Minority Report? Pois é.
O que ajuda a gente a acalmar é saber que, na vida real, ou pelo menos em 1945, os nazistas perderam, pra sorte de todo mundo, da Alemanha inclusive. A ficção tem essa enorme vantagem: ela especula sobre possibilidades, enquanto a gente senta no sofazão e bebe um suquinho. As possibilidades nos alertam para o que o mundo pode vir a ser, se a gente se descuida. Portanto, cuidem, e vamos em frente.
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Coluna
Marcelo Carneiro da Cunha: "The Man in the High Castle" imagina futuro que não houve
O colunista escreve semanalmente no Segundo Caderno
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