O mundo pode ser um lugar estranho, caros leitores, e nele vivem pessoas muito, muito estranhas, como nos mostra a estranhíssima série The Jinx, da HBO.
Basicamente, o que vemos é a anatomia de um estranho ser, Robert Durst, herdeiro de uma família bilionária de Nova York, que brota das profundezas semeando mortes inexplicáveis ao seu redor. Sim, caros leitores, se isso deixa os pelos do seu braço em pé, é porque o que vemos é assustador e, pior, verdadeiro.
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Esse é o mérito de The Jinx - nos assustar com a pura verdade de uma mente pra lá de Bagdá em coisas do mal. The Jinx não diz, mostra, e com dureza. Nas primeiras cenas somos presenteados com as imagens duríssimas de sacos plásticos com o que costumava ser um ser humano. As imagens são da investigação policial de vários anos atrás e não deixam dúvida: The Jinx é pra valer.
The Jinx é uma viagem de exploração rumo ao sombrio território da maldade humana. Não é fácil, não é divertido, nem é bonito de se ver. O que a série sugere é que existe algo, something there is, como diz Robert Frost, estranho na nossa natureza. Eu, você, o senhor aqui ao lado, pagamos nossos impostos, somos bonzinhos com as crianças e nunca atravessamos fora da faixa de segurança. Mas, e isso talvez seja o mais perturbador, somos capazes de fazer o que nem nome tem, e ainda beber uma cervejinha depois. A nossa espécie é humana, e profundamente desumana, e é com isso que a gente vai em frente, pela vida. Ver The Jinx nos lembra e esclarece, como todo documentário que valha a pena. Vejam, e tremam.
Fica a dica.
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