Venha conhecer a nossa rock'n roll band!!!
(Flávio Basso, 1968)
Conheci o Flávio Basso vendo sua performance no palco. Ali! Na lata! Com o TNT tocando num festival do IPA. Provavelmente em 1983, porque em 1984, num show do Prisão de Ventre (primeira banda em que atuei) e TNT na Casa B 52's, que ficava na Independência em frente ao Teatro Leopoldina, ele já não estava na banda (ele retornaria ao TNT e esteve presente na formação que lançaria Entra Nessa e Tô na Mão na coletânea Rock Grande do Sul).
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Não consigo ter certeza de todos os amigos que estavam juntos na plateia, mas arrisco os seguintes nomes: Tchê Gomes, Marcelo Birck e Bayard Duarte. E ficamos boquiabertos com aquela mistura Beatle-Stones/ Elvis Presley/ Little Richard/ Chuck Berry/, cantando e tocando guitarra. Um cara que encarnava com naturalidade e propriedade algo que estávamos buscando: sonoridade própria, dicção jovem, convicção artística e algo que nunca pode faltar ao rock'n roll: cara de pau.
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Como tornar relevante uma criação com poucos instrumentos e elementos? Baixo, guitarra, bateria e voz. Como dizer deslavadamente barbaridades ao microfone, entreolhar-se no palco e cair na risada? Como criar, performatizar o rock e alçá-lo à condição de arte? Como perceber que o rock ou qualquer outra forma de música popular se bundamoleia com facilidade?! O Flávio protagonizou este papel. Ria sarcasticamente disso tudo e nos brindava com sua criatividade; tinha uma capacidade incomensurável de gerar novas ideias de arranjos de instrumentos e uma facilidade espantosa em gerar letras nonsense, pura arte. Um cara complexo, sensível, talentoso como poucos. Um artista no sentido mais pleno que esta palavra pode ter.
Soa como um clichê medonho, eu sei, em tempos de tantas outras sonoridades, possibilidades e tendências que abastecem e suprem as pessoas, mas não tenho como não dizer... o rock'n roll nunca morrerá, ou ainda, como diria Jerry Lee Lewis, ainda não inventaram NADA melhor que o rock'n roll. Uma tentativa de cronologia de eventos aponta para três períodos; me permito resguardar uma tonelada de outros bons momentos que vivemos juntos nos Cascavelletes de 1986 a 1989. Obrigado, Flávio.
1986: estreia dos Cascavelletes (Alexandre Barea, Frank Jorge, Nei Soria e Flávio Basso) em duas noites lotadas no Bar Ocidente.
1987: lançamento da fita-K7-Demo pelo selo Vórtex gravada no estúdio ISAEC que ficava na Carlos Gomes; período de muitos shows por todo estado do Rio Grande do Sul.
1996: assisto um show do Flávio em São Paulo, numa casa no bairro Bixiga, e pela primeira vez vejo sua performance da música Lugar do Caralho... Flávio me olhou e disse "Frank, acho que tu vais gostar desta aqui".
1997: gravação/lançamento do disco A Sétima Efervescência, com produção de Egisto Dal Santo. Participei tocando órgão nas faixas Lugar do Caralho e Novo Namorado.
2007: show dos Cascavelletes na FIERGS promovido pela rádio Pop Rock.