Admito que o meu relacionamento com Star Wars é de amor e ódio. Começou no Texas em 1977, onde eu morava a meros trinta minutos da NASA e sonhava em algum dia ser astronauta. Porém, com apenas cinco aninhos e o caçula de cinco irmãos, fui o único proibido de assistir ao filme original no lançamento, por medo da minha mãe. Nas próximas semanas, tive que ouvir, com crescente raiva, os meus irmãos elogiarem o filme sem parar.
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Felizmente, um ano depois, o filme recebeu um relançamento, e, com a minha própria "força" de persuasão, consegui incomodar o suficiente o meu irmão mais velho para me levar ao cinema. O filme brilhou frente aos meus olhos de seis anos. Os efeitos especiais eram tão sofisticados para a época que foi difícil acreditar que não fossem reais. Logo após ver o filme, ganhei uma adaptação infantil do longa com fotos, The Star Wars Storybook, livro que devo ter lido cem vezes na época.
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Um momento ainda mais marcante aconteceu em 1998, quando eu trabalhava na Intel, na Califórnia. Na época, prestei várias consultorias técnicas dentro da empresa de games LucasArts, e um belo dia meus colegas me convidaram a visitar o Skywalker Ranch, a sede da Lucasfilm. Eu não tinha a menor ideia do que me esperava, quando chegamos a um terreno lindíssimo, completo com trilhas, um lago e uma bela mansão. Dentro da casa principal, fiquei boquiaberto ao ver muitas das peças originais utilizadas nos filmes de George Lucas: desde o chicote do Indiana Jones ao sabre da luz de Luke Skywalker. Era um momento dos sonhos.
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Um ano depois, porém, o meu "relacionamento" de vinte anos com o mundo de Star Wars azedou. Senti-me traído pelo Episódio I, filme que parecia desmentir vários conceitos dos filmes originais. Achei que faltou a "alma" das edições anteriores. Porém, não tem como negar que o filme introduziu este mundo fantástico para outra geração.
Nos últimos anos, vivenciei a série de outra forma, jogando as adaptações em Lego feitas para videogame com o meu filho. Vi estes personagens e histórias de novo, por meio dos olhos dele.
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Esta semana, será lançada mais uma trilogia. Pela terceira vez, uma geração vai ser introduzida a este mundo. O ciclo de vida e o de Star Wars continuam, e com seus sete anos, o meu filho vai presenciar este mundo pela primeira vez no cinema. Está na hora da saga dele começar.
* O texano Christopher Kastensmidt mora em Porto Alegre desde 2001, é professor na UniRitter e escritor finalista do Prêmio Nebula, com livros publicados em 12 países
Vai recomeçar
Christopher Kastensmidt: meu filho vai presenciar o mundo "Star Wars" pela primeira vez no cinema
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