Um assalto à mão armada ocorrido na tarde do último domingo (20 de dezembro), dentro da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, mobilizou os artistas por mais segurança nas dependências do espaço cultual administrado pela prefeitura. Horas antes de um espetáculo, o produtor Gustavo Saul, da Cômica Cultural, foi abordado por um homem que o rendeu com uma arma e entrou na sala 503, de onde roubou cerca de R$ 700 em dinheiro e três celulares dos artistas.
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Segundo Saul, a operação durou cerca de 10 minutos, tempo em que permaneceu deitado de bruços, com as mãos amarradas. Ele foi solto depois de cerca de meia hora, com a chegada de uma atriz ao local.
- A Usina do Gasômetro está jogada às traças. Está piorando cada vez mais. Estou incrédulo - afirma Saul.
Também houve invasões na sala 502 e em salas do sexto andar, onde fica o almoxarifado da Banda Municipal de Porto Alegre. O diretor da Banda, Marco Antônio Lopes, relata que encontrou a sala revirada, mas afirma que nenhum instrumento foi levado:
- A sala estava trancada, devem ter entrado por cima, já que o sexto andar não tem pé direito alto, são apenas divisórias.
Desde 2005, espaços da Usina do Gasômetro são cedidos temporariamente para grupos artísticos, dentro do projeto Usina das Artes, para um trabalho continuado de ensaios e apresentações. Segundo Fábio Cunha, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos de Diversões do Rio Grande do Sul (Sated-RS), embora arrombamentos de salas e furtos tenham ocorrido nos últimos anos no local, o assalto à mão armada "acendeu uma luz vermelha":
- É uma notícia que chocou bastante. Esse cara que roubou deve ter feito um estudo da rotina da Usina.
Produtora, atriz e iluminadora do Grupo Trilho, que atualmente trabalha na sala 503, Bruna Immich complementa:
- Cada artista tem um relato horrível (sobre a Usina). Não dá para esperar alguém ser morto ou estuprado lá dentro para fazerem alguma coisa. Precisamos de mais segurança.
Segundo o delegado Paulo Jardim, da 1ª Delegacia da Polícia Civil, o episódio foi "um caso pontual, que não é regra":
- Convido os artistas a virem conversar comigo, trazendo o número das ocorrências que registraram.
O diretor do espaço cultural, Renato Wieniewski, informa que nenhuma das câmeras de segurança do local estão funcionando e que técnicos da Procempa foram acionados para realizar os reparos nesta semana. Sobre o assalto, afirma que a Polícia Civil foi acionada.
Uma reunião na manhã desta terça-feira reuniu artistas e representantes da Usina, da Guarda Municipal e do Sated. Quatro medidas foram acertadas, conforme Vinícius Cáurio, secretário adjunto de cultura da prefeitura de Porto Alegre. A primeira delas é que o acesso passará a ser realizado exclusivamente pela porta principal, na Avenida João Goulart, enquanto a entrada lateral será exclusiva para funcionários. Segundo ele, a secretaria de cultura e a Guarda Municipal criarão um programa de rondas no local.
Além disso, a direção da Usina se reunirá com os grupos residentes para um programa de segurança a partir de um calendário de atividades, eventualmente limitando o acesso temporariamente a determinados andares. Até o final de janeiro, deve ser escrito um manual interno da Usina sobre as competências dos grupos, da Guarda Municipal e da administração do espaço.
Atualização (23/12, às 17h): A Guarda Municipal, que realiza a segurança da Usina do Gasômetro, informa, por meio de sua assessoria de imprensa: "Após reunião, foram reavaliados os procedimentos e adotadas medidas necessárias para a obtenção de maior controle do fluxo no local. Com um único acesso, possibilitará também que os guardas circulem mais no interior do prédio, propiciando, assim, maior segurança no local".
Centro cultural
Assalto à mão armada e insegurança dentro da Usina do Gasômetro preocupam artistas
Homem rendeu produtor cultural na tarde deste domingo, levando cerca de R$ 700 e três celulares de uma sala
Fábio Prikladnicki
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