O verão começa mais cedo para os atores Rogério Beretta e Zé Victor Castiel. E não tem nada a ver com a indefinição das estações que tem sido vista nos últimos tempos. É que eles já estão envolvidos com a organização da próxima edição do Porto Verão Alegre, que ocorre de 8 de janeiro a 14 de fevereiro.
Desde 2000, o evento movimenta os teatros da cidade em um período no qual costumavam estar vazios. Desafiando o abatimento provocado pela crise no país, Beretta e Castiel estão otimistas.
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- As pessoas se retraem pela possibilidade da crise, mas não abrem mão de se divertir. Não consigo achar que elas vão menos ao teatro. O entretenimento é fundamental - aposta Castiel.
Mesmo em meio à incerteza do contexto econômico, os organizadores desejam aumentar o cachê pago aos artistas que participam dos cerca de 45 espetáculos presentes anualmente na programação do evento. Para isso, precisam captar mais. Nos últimos anos, segundo eles, o Porto Verão tem conseguido, em média, metade do valor total do projeto aprovado pela Lei Rouanet, que desta vez será de R$ 2,47 milhões. Beretta explica:
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- Cerca de 60% da verba vai para produção, administração e divulgação. Apenas 40% conseguimos transformar em cachê artístico. Mas tudo que for captado a mais será direcionado aos cachês, pois as outras rubricas já estão cobertas. Então, nosso sonho é conseguir captar 100% (do valor aprovado na Lei Rouanet).
Novidade é o que não faltará na edição 2016. Serão pelo menos quatro estreias, entre elas o musical Dona Flor e Seus Dois Maridos, em produção assinada por Zé Adão Barbosa, Carlota Albuquerque e Larissa Sanguiné e financiada pelo festival (leia mais abaixo) - a iniciativa começou na edição passada, com a montagem de Romeu & Julieta assinada por Néstor Monasterio. Outros 11 espetáculos estarão pela primeira vez na programação do evento.
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Embora o Porto Verão Alegre leve o nome da Capital, é uma iniciativa privada, e não do poder público. Desfazer essa confusão é um dos objetivos dos organizadores.
- É um projeto realizado durante o verão no qual muitas pessoas trabalham direta ou indiretamente, espalhando cultura pela cidade com preços promocionais - diz Beretta. - Mas parte do público confunde e se queixa para nós como se fôssemos uma secretaria de cultura. Dizem que temos culpa porque o ar-condicionado do teatro não funciona ou porque o elevador está estragado. Sempre pedimos às autoridades públicas que nos entreguem os aparelhos culturais em condições.
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Pela segunda vez, o Porto Verão Alegre vai financiar um espetáculo para estrear em sua programação. A produção do musical Dona Flor e seus Dois Maridos contará com R$ 40 mil para adaptar o romance de Jorge Amado publicado originalmente em 1966.
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É a irreverente história da personagem que compartilha seu amor entre um relacionamento apaixonado com Vadinho - inclusive depois da morte dele - e um casamento seguro e estável com Teodoro.
- Reler Jorge Amado depois de algum tempo é um prazer absoluto - afirma o diretor Zé Adão Barbosa, que assina o espetáculo ao lado de Carlota Albuquerque e Larissa Sanguiné, trio que trabalhou junto nos musicais O Apanhador e Godspell, ambos em 2013.
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Zé Adão adianta que a estética da peça tem como referência as cores da Bahia, onde se passa a trama, embaladas por canções populares e pontos de candomblé. Estes e outros elementos serão misturados "bem antropofagicamente", segundo ele.
- Não pretendemos fazer um musical convencional, com grandes números acrobáticos. A música permeia o espetáculo, cantada por Flor, por Vadinho em suas serenatas, pelos amigos nos botecos e cabarés, pelo cantor do Cassino, pelas amigas de Flor. É um espetáculo que tem a direção musical preciosa de Simone Rasslan, que garimpa canções muito antigas, sonoridades da Bahia e pérolas do cancioneiro, como a antológica Noite Cheia de Estrelas, de Cândido das Neves - adianta Zé Adão.
PROGRAME-SE
O Porto Verão Alegre 2016 ocorrerá de 8 de janeiro a 14 de fevereiro, em diferentes espaços de Porto Alegre:
Estreias
- Dona Flor e Seus Dois Maridos, musical dirigido por Zé Adão Barbosa, Carlota Albuquerque e Larissa Sanguiné, com direção musical de Simone Rasslan
- Os Gêmeos Venezianos, clássico de Goldoni dirigido por Suzi Martinez
- O Bandejão, de Oscar Simch
- Não Conte a Ninguém, com direção de Paulo Guerra