A série Mr. Robot está sendo um sucesso inesperado nos Estados Unidos. Ela bate pra valer no capitalismo, no imperialismo, nas corporações, tudo que, basicamente, faz o mundo girar do jeito que gira.
Ela tem como mocinho Elliot, um drogadito com sérios problemas de relacionamento com praticamente o mundo inteiro e que ainda nos brinda o tempo todo com olhos arregalados de quem viu a bomba. O outro mocinho, Mr. Robot, que de bonzinho não tem muita coisa, quer basicamente destruir o mundo tal como o conhecemos. A mocinha, ou uma delas, ganha o seu pão de cada dia vendendo drogas para o mocinho Número Uno. Num país bastante moralista como os EUA, o sucesso da série foi uma das surpresas do ano.
Uma das explicações para o que faz a série funcionar é o seu ator principal, Rami Malek, que segura bravamente um papel difícil e essencial. Ao se acreditar no seu Elliot, se gosta da série. Ao se gostar da série, a gente passa a superar muitas coisas desagradáveis que ela nos mostra e lembra: basicamente que o mundo que estamos construindo, caros leitores, tem lá os seus problemas de identidade.
A internet é muitas coisas, e ela representa sim um enorme perigo nas mãos erradas, e um enorme poder nas mãos certas. Excesso de poder torna todas as mãos um perigo para a humanidade, e é nesse trilho que acelera o trem de Mr. Robot.
A série é apocalíptica, e herdeira dos Los Indignados, dos Occupy Wall Street, dos incomodados com o sistema, qualquer que seja o sistema. Como muita gente anda mesmo de mau humor, Mr. Robot toca nervos sensíveis e se implanta qual malware em nosso sistema operacional. Ela até agora parece ser um bem ou um mal necessário. Ver é sofrer, e, de certa forma, entender. Então, vejam, uai.
Fica a dica.