Por milênios a humanidade se trucidava usando lâminas, o que dava um trabalho danado. Inventaram o canhão, que já elevou a destruição para um novo patamar, que culminou com o horror que não vivemos, da I Guerra Mundial, a que ia terminar com todas as guerras. Daí fomos para a II Guerra, que terminou com um novo paradigma em destruição ilimitada. A Bomba. The Bomb. Die Bombe. A que veio pra valer, capaz de liquidar com a nossa vida sobre a Terra várias e várias vezes.
Manhattan é uma série dedicada a mostrar como a bomba aconteceu. Até agora somente sabíamos que ela aconteceu, e Hiroshima e Nagasaki são a prova. Manhattan se dispõe a nos mostrar como cientistas transformaram o mundo para muito pior, sendo que a ciência deveria ser o contrário, a ferramenta definitiva que nos trouxe da idade da pedra para o tempo dos antibióticos, das vacinas e da anestesia no dentista.
Os americanos corriam contra o tempo porque acreditavam que os alemães logo teriam a bomba, e antes deles. Ninguém duvida que teria sido péssimo para todos nós caso Hitler tivesse tido sucesso na sua busca atômica. Gente do lado americano usava esse medo para obter os vastos recursos que tornaram A Bomba possível. Na verdade, e isso ficamos sabendo depois, os alemães nunca estiveram próximos da bomba. Bomba atômica, na época, era coisa para quem tinha os recursos - em dinheiro e em mentes. A Alemanha não tinha.
Manhattan, em segunda temporada, desenha esse mundo pré-bomba, nos lembra de uma época intensa e preocupante, na qual ninguém sabia ao certo para onde o mundo ia, mas se sentia, sim, que nada de bom poderia surgir de uma guerra tão apavorante. Os cientistas são heróis relutantes, e todos que assistimos à série ficamos na mesma dúvida: criar uma tal ferramenta de destruição se justifica, e como?
O mundo teria sido um mundo melhor sem A Bomba, mas não é do nosso espírito humano poder ter e não ter. Somos assim, e simplesmente queremos tudo, mesmo que esse tudo acabe com a gente.