Na televisão, nada se cria, tudo se copia. Quem diria que o bordão de Chacrinha não se aplica a ele mesmo, que inaugurou uma estética inconfundível e colorida nos programas que - aí sim - inspirou seus pares? Nos últimos anos, a memória do clown original da TV brasileira, morto em 1988, tem sido apresentada a um novo público, enquanto seus antigos espectadores redescobrem o magnetismo do Velho Guerreiro (leia quadro abaixo).
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Como parte desse esforço, o espetáculo Chacrinha, o Musical, que estreou no final de 2014 no Rio, chega a Porto Alegre dentro de uma turnê nacional. As sessões serão nesta sexta (16/10) e sábado (17/10), às 21h, no Teatro do Sesi, com ingressos de R$ 50 a R$ 100. O roteiro é de Pedro Bial e Rodrigo Nogueira, e a encenação é assinada por Andrucha Waddington, conhecido por trabalhos no cinema (Eu Tu Eles, de 2000, e Casa de Areia, de 2005, entre outros), aqui estreando na direção teatral.
Chacrinha é vivido, na maturidade, por Stepan Nercessian, que retorna em grande estilo ao teatro depois de mais de 10 anos afastado, enquanto Pedro Henrique Lopes incorpora o jovem José Abelardo Barbosa de Medeiros. Por telefone, Nercessian conta que foi Fernanda Montenegro quem sugeriu seu nome para o papel.
- Pensei: "O que a Fernanda viu em mim?". Mas fui acreditando, ensaiando, sem querer imitar o Chacrinha. Faltando 10 dias para a estreia, vesti uma camiseta listrada e óculos e olhei no espelho. Realmente estava igual. Tomei um susto, e as pessoas ao meu lado tomaram um susto maior ainda.
Em um segundo momento, o ator partiu para a observação:
- Fiquei assistindo aos programas dele para pegar as falas. Não mostrava muito como ele andava, mas tinha um trechinho curto, e eu saquei. O resto foi a magia do teatro que se encarregou de fazer.
A trama do musical conta a trajetória do apresentador, da infância em Surubim (PE) ao sucesso na Rede Globo, retratando o temperamento difícil e a obsessão pelos índices de audiência. No segundo ato, o público se sentirá na plateia do Cassino do Chacrinha, com direito a chacretes e atrações musicais como Meu Sangue Ferve por Você (sucesso de Sidney Magal), Fogo e Paixão (Wando) e O Amor e o Poder (Rosana). Haverá, claro, o momento dos calouros - um deles chamado da plateia. Nercessian comenta que o espetáculo realiza um desejo do público:
- Quando eu apareço no segundo ato, a plateia (do musical) enlouquece, canta, participa. É muito comum as pessoas nos dizerem: "Meu sonho era assistir ao programa do Chacrinha ao vivo, e hoje consegui". O mais importante é proporcionar esse encontro com o público outra vez.
MAIS CHACRINHA
Para ver
Dirigido por Nelson Hoineff, o documentário Alô, Alô, Terezinha! (2009) entrevista personalidades que conviveram com o Velho Guerreiro. Dividida em três eixos (chacretes, artistas e calouros), a produção será exibida no canal Curta! em novembro.
Para ler
Autor de títulos sobre Cartola e Carlos Imperial, Denilson Monteiro lançou, em 2014, o livro Chacrinha - A Biografia (Casa da Palavra, 368 páginas, R$ 49,90). Debruçando-se sobre material reunido pelo pesquisador Eduardo Nassife, o autor compõe um panorama da vida de Abelardo Barbosa e dos artistas que orbitaram em torno dele.
Para ouvir
Neste ano, a Universal lançou o CD duplo Chacrinha, o Musical, com a trilha do espetáculo em suas versões originais. Estão lá canções de Waldick Soriano, Sidney Magal, Wando, Gilberto Gil e Cazuza, entre outros.
CHACRINHA, O MUSICAL
Nesta sexta (16/10) e sábado (17/10), às 21h.
Teatro do Sesi (Assis Brasil, 8.787), fone (51) 3347-8787, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 50 (mezanino a preço popular - número limitado de ingressos), R$ 80 (mezanino) e R$ 100 (plateia alta). Ingressos de plateia baixa estão esgotados.
À venda, sem taxa, na bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80, fone 3375-3700), das 10h às 22h, e na bilheteria do Teatro do Sesi, das 17h até o início das sessões. À venda, com taxa, pelo site ingressorapido.com.br.
