ZH tentou explicar, na última sexta-feira, por que o Los Hermanos é uma "banda de fãs". Talvez tenha falhado. E, assim como não há como explicar como o conjunto de barbudos se transformou quase em um culto Brasil afora, é difícil de definir o reencontro de fãs fiéis com seus ídolos.
Dada a configuração confortável - o modo anfiteatro do Beira-Rio chega para ficar como modelo para apresentações de médio porte -, o atraso da banda, de cerca de 15 minutos, mal foi notado. Ao acenderem-se as luzes, a banda nem tentou equiparar-se ao coro que a plateia já fazia dos primeiros versos de "O Vencedor". Só o instrumental soou por alguns segundos para dar espaço à explosão do público. Depois (e daí para frente), o grupo de músicos, mais do que afinadíssimo, mostrou que sabe jogar para a torcida: enfileirou canções queridas do público, como Retrato pra Iaiá, Morena e o Velho e o Moço, e contemplou os fãs saudosos da primeira fase da carreira com Azedume e Tenha Dó. O conjunto de metais, que acompanhou a banda em turnês anteriores, também soou cristalino e só fez bem à apresentação.
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As pausas para conversa com o público foram rápidas - também, pudera, fazer caber quase 30 músicas em uma única apresentação é tarefa hercúlea -, mas o clima de camaradagem era visível. O "assim a gente fica encabulado" de Rodrigo Amarante frente aos aplausos massivos era tão sincero quanto os abraços de amigos barbudos na pista ao lembrarem hinos de adolescência.
E o mérito do show foi justamente este: permitir que a plateia se transportasse para uma época mais simples, em que versos como "em uma moldura clara e simples, sou aquilo que se vê" ou "e no final, assim calado, eu sei que vou ser coroado rei de mim" eram frases que conseguiam resumir tudo o que sentiam.