Não é de hoje que os fãs de Los Hermanos são dos mais apaixonados da música brasileira. Pois neste sábado o séquito gaúcho vai se reencontrar com os ídolos. O show faz parte da turnê de reunião (por enquanto, temporária) da banda, que se separou em 2007, e inaugura o Anfiteatro Beira-Rio, espaço alternativo do estádio colorado, com palco montado na área de uma das goleiras, voltado para a arquibancada e capacidade de até 15 mil pessoas.
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Os detalhes da noite serão conhecidos somente ao vivo: os cariocas, informa a assessoria de comunicação, "não estão falando com a imprensa" e também não divulgam repertório. Como a turnê já passou por cinco cidades – e Curitiba tem show marcado para sexta à noite –, é possível fazer previsões quanto ao set list: devem ser contempladas todas as fases do grupo carioca, desde o primeiro disco, quando eram descritos por ZH como "universitários que reinjetaram romantismo" no cenário brasileiro, até o último, já com status de banda cult. O hardcore de Los Hermanos (1999) deve aparecer em músicas como Pierrot, Quem Sabe e, vejam só, a antes renegada Anna Júlia. O miolo do show deve ser tirado das faixas de Bloco do Eu Sozinho (2001) e Ventura (2003), como O Vencedor, Cara Estranho e Sentimental, enquanto a poesia do álbum 4 (2005) deve ser representada por músicas como O Vento e Condicional. A única certeza é que, sejam quais forem as canções escolhidas, os milhares de fãs presentes vão cantar junto.
Três quartos dessa carreira foram supervisionados por Alexandre Kassin, produtor responsável pelos três últimos discos da banda. Para ele, os caras que tinham de dar entrevista para a revista Capricho repetindo "Somos um grupo de rock" no início do milênio acabaram por mudar o curso do pop rock brasileiro:
– Eles vinham de uma geração do rock que não tinha relação alguma com a música brasileira. Isso começou a mudar depois dos Los Hermanos. A composição de Camelo tem um aspecto bossanovístico, e muitas bandas acabaram influenciadas.
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Em Porto Alegre, os Los Hermanos devem se encontrar com um amigo: Frank Jorge, líder da Graforreia Xilarmônica, já tocou com Marcelo Camelo, tem participação do músico em seu segundo disco, Vida de Verdade, e conta com uma fã da banda dentro de casa ("Minha filha de 11 anos adora Los Hermanos"). Para Frank, a mudança de paradigma promovida pelos cariocas também é de postura:
– Com Bloco do Eu Sozinho, eles causaram uma revolução, com a mistura de metais, MPB, rock. E ainda tinha o discurso, um certo "peitaço artístico" em relação ao que as gravadoras esperavam. Eles mostraram que é possível ter convicção, algo quase punk, de do it yourself.
Atualmente, os membros dos Los Hermanos seguem caminhos distintos: Camelo e Amarante, por exemplo, têm carreiras solo e tocam com suas Banda do Mar e Little Joy, respectivamente. Mas, na noite de amanhã, a missão deles é resumir a carreira de uma banda tão importante em alguns minutos. E, para os fãs, essa pode ser a última chance – não se sabe quando os quatro meninos do Rio vão decidir se juntar novamente.
Los Hermanos
Sábado, às 21h. Classificação: 16 anos.
Anfiteatro Beira-Rio (Padre Cacique, 891).
Ingressos: R$ 300 (camarote), R$ 160 (arquibancada superior) e R$ 100 (arquibancada superior promocional). Desconto de 50% para estudante e sócios do Clube do Assinante com acompanhante.
Pontos de venda: lojas Multisom do Centro de Porto Alegre (Andradas 1.001) e dos shoppings Moinhos, Iguatemi, Praia de Belas, Total, BarraShopping Sul, Bourbon Ipiranga, Bourbon Wallig, Canoas Shopping, Bourbon São Leopoldo, Bourbon NH e pelo site minhaentrada.com.br. Mais informações no roteiro da página 8.
Quem é mais sentimental que eles?
Pedimos para que fãs dos Los Hermanos explicassem a importância da banda no perfil de ZH no Facebook. Confira algumas respostas:
"Cada álbum é um flerte com a poesia em forma de música."
Hugo Léo
"Como essa sensibilidade faz falta na atual MPB."
Adriana Borges
"Uma das poucas bandas com identidade em todo o Brasil."
William Eduardo
"Gosto de ouvir uma música e me sentir bem, me sentir lida, desvendada, como se o autor tivesse escrito para mim ou para a minha situação, isso aliado a um som que acalma, ou entristece ou energiza de acordo com a letra. E Los Hermanos faz eu sentir tudo isso e muito mais."
Laiane Caioapp