Os 33 é um tributo aos mineiros que atraíram os olhares de todo o mundo cinco anos atrás. Como tal, é emotivo. Isso envolve o espectador em alguns momentos, mas, em outros, quando a diretora Patricia Riggen perde a mão, escancara um problema que está na origem do projeto: trata-se de um filme contaminado por suas concessões.
Fala-se praticamente só inglês em Os 33, já que, não fosse assim, os norte- americanos não o assistiriam – e o mercado doméstico é fundamental para a máquina de Hollywood. Não há freios na tentativa de humanizar os heróis, o que os deixa com perfis semelhantes – o contrário do que se presume ocorrer naquelas condições propícias a ataques de nervos. Mas não deixaria de haver um vilão, e o roteiro baseado no livro de Hector Tobar trata de personificá-lo tão rapidamente na figura do dono da mina que sua indiferença para com os operários soa fake.
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Esse, aliás, é um problema da diversidade do elenco: há tantos e tão diferentes sotaques que raras situações construídas realmente parecem espontâneas. O naturalismo, que poderia fazer tão bem às sequências de confinamento, passa longe de Os 33.
Pior do que o estranhamento ao ver a grande atriz chilena Paulina García (de Gloria) falando em inglês em seu próprio país é o constrangimento ao qual foi submetida Juliette Binoche, aqui caracterizada como a mais estereotipada das vendedoras de empanadas já vistas no cinema. Tudo bem que é um filme "para gringo ver". Mas a história pedia muito mais do que isso.
Os 33
(The 33)
De Patricia Riggen
Drama, EUA/Chile, 2015, 127min, 12 anos.
Estreia nesta quinta-feira no circuito de cinemas.
Cotação: 2 estrelas (de 5).