Quantos mordomos uma casa realmente precisa para funcionar bem? É possível que uma lady dê conta de vestir-se sozinha sem a ajuda de uma boa dama de companhia?
A sexta e última temporada de Downton Abbey estreou no último domingo, dia 20, na Grã-Bretanha (ainda não há previsão de estreia no Brasil), espargindo no ar o perfume de uma nova era, em que castelos e retratos de família precisam ser leiloados, afligindo os ricos, e oportunidades de trabalho encolhem a olhos vistos, para desespero dos pobres. Estamos em 1925 - e mesmo em Downton Abbey os tempos começam a ficar bicudos.
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Mas nem só de crônica histórica e prataria de primeira vivem os nossos aristocratas preferidos. O lado novelão de Downton Abbey esteve presente neste primeiro capítulo da última temporada indicando aquelas que devem ser as principais trilhas de ação até o tradicional desfecho natalino.
Bates (Brendan Coyle) e Anna (Joanne Froggatt) finalmente se livram dos problemas com a polícia, mas continuam sofrendo com a ausência de uma criança. Mr. Carson (Jim Carter) e Mrs. Hughes (Phyllis Logan) têm um probleminha para resolver antes de marcarem a data do casamento - e as cenas românticas do casal de empregados foram as melhores e mais tocantes deste início de temporada. Mary (Michelle Dockery) enfrenta uma chantagista com a mesma fibra com que costuma tocar os negócios da família, mas ainda não sabemos se ela vai encontrar um interesse romântico à altura do seu falecido marido. Já Edith (Laura Carmichael) perdeu o ar de patinho feio e cogita mudar-se para Londres, assumindo de uma vez a vida de mãe solteira e mulher que trabalha sem se preocupar com o olhar inquisidor dos alcoviteiros da província - e a melhor notícia de todas foi saber que ela já encontrou Virginia Woolf pessoalmente (nada mal, Edith!).
Não será surpresa se a última temporada de Downton Abbey, como a última temporada de Mad Men, assinalar o fim de uma era através da evolução de suas personagens femininas.