O problema com o contemporâneo é que as coisas que nos cercam seguem parecendo normais quando já deixaram de ser há horas. A gente, imersa no nosso meio, simplesmente não percebe que as coisas mudaram, ou percebe, mas aí já é meio tarde.
Esse é o ponto de partida de Fear the Walking Dead, a série da AMC que pretende fazer a gente ver dois The Walking Dead em vez de um apenas.
The Walking Dead começa quando o mundo zumbi meio que tomou conta, e todo mundo precisa aprender rapidamente a lidar com ele, com a desagradável alternativa de virar hambúrguer para zumbi faminto. Fear the Walking Dead se inicia na Los Angeles que começa a se dar conta de que alguma coisa não está exatamente nos trinques lá fora.
A série parte da vida de uma família tão normal quanto possível nos dias de hoje e na cidade das imagens e dos mitos. A família se dá conta, de diferentes formas e por diferentes meios, de que as suas vidas estão mudando, e para muito longe do que costumava ser. Após a resistência inicial, eles entendem que precisam mudar, precisam reagir, precisam abandonar suas vidas, se pretendem continuar vivos.
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A referência deve ser o aquecimento global, se a gente pensar um pouco. Nosso mundo está mudando até o ponto em que em breve vamos pegar praia na Antártica. A vida que a gente conhece deve mudar, ou pelo menos ficar abaixo d'água, em certos lugares importantes. Não seremos zumbis, a não ser que algum vírus esquisitão nos pegue no caminho, mas seremos talvez anfíbios com guelras, a la Waterworld, aquele desastre do Kevin Costner, lembram?
Fear the Walking Dead é um prequel, só que não exatamente isso. O formato é curioso, interessante e se faz ver. Se querem a minha opinião, vejam. Mas sabendo que essas séries também estragam o dia da gente e nos fazem pensar no que pode vir pela frente. Lembrem que já tivemos a Peste Negra e outros desastres de proporções bíblicas e que aqui estamos, nos 7 bilhões e firmes. Desastres podem ser enormes, mas os humanos, caros leitores, são resistentes.
Pensem nisso e vejam. Fica a dica.