Um dos destaques do Festival Varilux de Cinema Francês 2015, o ótimo Gemma Bovery - A Vida Imita a Arte estreia nesta quinta-feira na Capital. O filme dirigido pela francesa Anne Fontaine é uma adaptação de uma graphic novel da ilustradora inglesa Posy Simmonds, que, por sua vez, inspirou-se no clássico romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert (1821 - 1880). O longa é estrelado por Fabrice Luchini, um dos melhores atores do cinema francês contemporâneo, e pela bela inglesa Gemma Arterton.
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Em Gemma Bovery, Luchini interpreta um ex-editor literário que trocou a vida agitada de Paris pela placidez bucólica de uma cidadezinha na Normandia, assumindo a padaria que foi do pai. A rotina de Martin Joubert ao lado da mulher e do filho adolescente é quebrada com a chegada dos novos vizinhos: um casal inglês encantado com a ideia de morar na típica paisagem rural francesa. Motivado pela coincidência entre os nomes da jovem Gemma Bovery (Gemma) e da célebre personagem romanesca, o padeiro literato começa a enxergar semelhanças entre as trajetórias das duas figuras. O que nasce como exercício intelectual logo se torna uma obsessão para Joubert ao perceber que Gemma, entediada com a rotina provinciana ao lado do marido (Jason Flemyng), passa a flertar com o estudante Hervé (Niels Schneider). Seduzido pela beleza da volúvel estrangeira, essa espécie de Flaubert contemporâneo passa a acompanhar os passos da garota, temendo que Gemma repita em tom de tragicomédia o destino infausto da ficcional Emma.
- Quando descobri essa adaptação livre e original de Madame Bovary, me senti próxima de Joubert. Porque um diretor de cinema sente que a ficção é mais forte do que a realidade - disse Anne Fontaine a ZH quando passou pelo Rio como convidada do Festival Varilux.
*O jornalista viajou a convite do Festival Varilux
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Entrevista: Anne Fontaine, cineasta
Diretora de títulos como o drama Nathalie X (2003) e a cinebiografia Coco Antes de Chanel (2009), Anne Fontaine conversou com ZH sobre Gemma Bovery em um português perfeito - francesa nascida em Luxemburgo, a cineasta de 56 anos cresceu em Lisboa.
O que a interessou na história de Gemma Bovery?
Emma Bovary está sempre à procura de uma intensidade, mas está sempre frustrada. É um caráter feminino atemporal. Como Flaubert diz: "Madame Bovary sou eu". Eu poderia dizer: "Gemma Bovery sou eu".
Como foi dirigir novamente Fabrice Luchini, depois de A Garota de Mônaco (2008)?
Ele é o ator perfeito para esse papel. Tem uma inteligência incrível e é também apaixonado por Flaubert. Luchini tem a ironia que o papel exigia.
Como você escolheu Gemma Arterton para o papel da protagonista?
Vi muitas garotas inglesas, mas foi a (atriz) Isabelle Huppert quem me indicou Gemma. Como ela tinha feito Tamara Drewe (2010), de Stephen Frears, também baseado em Posy Simmonds, tinha receio de chamá-la. Quando eu a conheci, Gemma abriu a porta e disse em francês "Bonjour, Anne". Foi o suficiente para me seduzir.