Campello já sabia: o primeiro fim de semana de festival nunca é o melhor. Morador de Gramado há 26 anos, o caricaturista espera os cinéfilos chegarem para fincar pé - e tela e caneta - bem do ladinho do tapete vermelho, a 10 metros do Palácio dos Festivais.
É lá que espera desenhar rostos de turistas que vêm ver filmes e aproveitam para deixar um dinheirinho na cidade. Mas não no primeiro fim de semana.
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- Se melhora? Pelo contrário, piora. O público que vem quer dar banda, fazer balada, ver artista. Não é bom para mim nem para ninguém - resigna-se, dizendo que os bons momentos para o comércio da região são, sim, o Natal Luz e o Festival de Inverno, mais duradouros e com perfil de público mais familiar, não jovem e baladeiro.
A esperança dos comerciantes e trabalhadores que se aninham nas quadras adjacentes ao festival é o fim de semana que vem. Levados pela festa de encerramento e pelas entregas dos Kikitos, os turistas, torcem os lojistas, devem gastar um pouco mais em produtos gramadenses.
A loja de chocolates Caracol, que tem uma filial na Rua Coberta, onde se estende o tapete vermelho, também não teve o desempenho dos sonhos nos três primeiros dias de evento. A explicação é a mesma:
- Por agora, quem vem é um povo curioso, que não consome muito. O primeiro fim de semana é mais familiar, o segundo é de festa. E quem vem no segundo costuma consumir bastante. Vem para as festas, aproveita e gasta - avalia, num misto de experiência e torcida, a gerente Jaqueline de Jesus.
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Se para alguns há esperança no futuro próximo, outros não se empolgam tanto com o festival. Olga Kuntz, funcionária da loja de chás Flowertea, localizada na esquina da Rua Coberta, a uma quadra do Palácio dos Festivais, não vê os frequentadores do evento como um público comprador. Para ela, o perfil de quem vem a Gramado nessa época é muito específico: elas querem ver o festival, e não conhecer Gramado.
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- Não é o mesmo público do Natal Luz, são pessoas muito ligadas ao festival ou às festas. Sempre há a expectativa de vender mais, mas é uma incógnita. O que eu sei é que eles não vêm para comprar - garante.
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