Precisamos falar sobre a projeção
Diretor de O Fim e os Meios, Murilo Salles mediu as palavras para entrar no assunto, mas demonstrou preocupação com a qualidade das projeções no Palácio dos Festivais. Foi o terceiro realizador a tocar no tema - os outros dois foram Lucas Cassalles, vencedor da mostra de curtas gaúchos com O Corpo, e Enrique Bichichio, do longa uruguaio Zanahoria, cujas imagens pareceram sem cor, lavadas.
- Precisamos dar mais atenção a isso, tanto no cuidado com a imagem quanto no som. Gramado nem sofre tanto com más projeções, mas a situação, nos festivais brasileiros de maneira geral, é crítica. Não temos as condições ideais - afirmou Salles.
O Coisa Ruim no Palácio dos Festivais
Membro da Associação dos Críticos de Cinema do RS (Accirs) e um dos atores preferidos dos aventureiros que investem no cinema de terror, Cristian Verardi se divertiu com a exibição de seu curta Ne Pas Projeter. Ele vestiu a máscara de um dos personagens do filme (na foto acima, junto ao assistente Giordano Gio) e agradeceu a Baphomet, entidade mística do satanismo, ao apresentar a produção no Palácio dos Festivais, na mostra de curtas gaúchos. O satânico Baphomet - Diabo, Belzebu, Coisa Ruim, escolha sua maneira preferida de chamá-lo - de Cristian Verardi é uma brincadeira, mas houve quem o levasse a sério.
- O discurso foi obviamente irônico. Mas tem gente achando que sou satanista - diverte-se.
Ne Pas Projeter, agora, deve percorrer festivais internacionais do gênero - ao menos um deles, que seu diretor ainda não pode revelar, está alinhavado para os próximos meses.
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Da cota de exotismo
Nos últimos anos, alguns longas-metragens mostraram no festival serrano a força de cinematografias pouco conhecidas entre nós - casos do ótimo Jean Gentil (que veio da República Dominicana) e do divertido La Yuma (da Guatemala). Quem estiver em Gramado nesta quarta-feira tem a chance de descobrir um pouco da produção da Costa Rica, com a projeção de Presos, marcada para as 19h.
Costa Rica cinéfila
O país centro-americano finaliza cerca de quatro longas por ano, informa Gabriel González, produtor de Presos. Cada um deles é visto, em média, "por algo entre 5 mil e 10 mil" costarriquenhos. O diretor de Presos, Esteban Ramírez, é dos mais populares por lá: com Caribe (2004), levou 150 mil pessoas aos cinemas do país; com Con Gestación (2009), foram 75 mil. A Costa Rica tem 4,8 milhões de habitantes.
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Nas redes
O festival está mais ativo nas redes sociais. Após mostrar, na tela, vídeos caseiros de diretores consagrados, os apresentadores do evento, Leonardo Machado e Renata Boldrini, convocaram o público a gravar seus próprios vídeos e postá-los na página do evento no Facebook. Alguns já estão ganhando o espaço nobre do evento, com exibição nos intervalos das sessões.
Da plateia para o palco
Aos 20 anos, em 2011, Felipe Poroger esteve em Gramado integrando o júri da crítica - que, naquele ano, era formado por cinéfilos escolhidos pelos críticos dos grandes jornais brasileiros, fórmula esta já abandonada pela organização do festival. Agora, aos 24, voltou à Serra para apresentar seu segundo curta, Enquanto o Sangue Coloria a Noite, Eu Olhava as Estrelas - o primeiro, O Filho Pródigo (2014), foi premiado no Cine PE.
- Os 10 dias que passei aqui, naquela edição, valeram mais do que qualquer curso de cinema - disse o jovem cineasta, que também é estudante de filosofia.
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Jovens críticos
Três bambas da crítica dividirão uma mesa-redonda no Hotel Serra Azul às 14h desta quarta-feira. Luiz Carlos Merten e Luiz Zanin Oricchio vão mediar encontro com Enéas de Souza, em evento que marca os 50 anos do lançamento de Trajetórias do Cinema Moderno, um marco que o gaúcho Enéas lançou pelo IEL quando tinha 27 anos, em 1965.