Não sei o que vocês ou eu estaremos fazendo em 2018, mas Kirill Petrenko assumirá a regência titular e a direção artística da Filarmônica de Berlim, uma das orquestras mais prestigiadas do mundo. Com a antecedência característica das grandes instituições da música de concerto, o maestro russo foi anunciado no último dia 22 como substituto de Simon Rattle.
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Embora tenha regido a Philharmoniker apenas três vezes, Petrenko não chega a ser uma surpresa. O atual diretor musical da Ópera Estatal da Baviera, em Munique, era cotado ao lado de nomes como Christian Thielemann, Andris Nelsons e Riccardo Chailly. Em seis décadas, apenas três maestros estiveram no cargo: Karajan, Claudio Abbado e Simon Rattle.
O que surpreendeu foram ecos de antissemitismo em dois veículos de imprensa alemães - Petrenko é o primeiro judeu a comandar a orquestra. Em artigo no site da NDR, Sabine Lange definiu Petrenko como "pequeno gnomo, caricatura judia de Alberich", em referência a um personagem de Wagner. No jornal Die Welt, Manuel Brug notou que três regentes principais em Berlim serão judeus (os outros são Daniel Baremboim e Iván Fischer), observação considerada leviana pelo crítico musical Norman Lebrecht, uma vez que os três maestros têm características bastante distintas entre si.
De sua parte, o discreto Petrenko teve os votos da maioria dos músicos da Philharmoniker, que o elegeram. Um passo histórico para aquela que já foi a orquestra do Reich, tendo sido comandada por um maestro - Karajan - que havia se alistado no partido nazista.
Coluna
Fábio Prikladnicki: o maestro discreto
O colunista escreve quinzenalmente no 2º Caderno
Fábio Prikladnicki
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