Na estreia de A Grande Farsa, na última segunda-feira, o humorista Wellington Muniz, mais conhecido como Ceará, tinha o desafio de dar a cara a tapa e enfrentar o desafio de apresentar um programa próprio. Durante uma hora, ele desfilou um bom repertório de imitações e demonstrou ter jogo de cintura no palco. Contudo, pecou em um quesito fundamental: a originalidade do humor.
Exibida pelo canal Multishow, a atração permitiu a Ceará fazer de tudo um pouco: imitou personalidades como Sérgio Chapelin e Datena; caracterizado de Galvão Bueno ("Calvão Bueno"), narrou uma luta livre nonsense no palco; entrevistou Danilo Gentili no Diferente com Gabi; apresentou um quadro entediante sobre um casal que subia no touro mecânico acompanhado de uma modelo ou um rapaz sem camisa e encerrou o programa imitando Bell Marques, ex-integrante do Chiclete com Banana, com um musical apático.
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Entretanto, durante o primeiro A Grande Farsa, Ceará se ancorou em piadas pouco criativas, com trocadilhos dignos do velho Zorra Total ou do Casseta e Planeta - algo que já era utilizado quando ele integrava o Pânico. Por exemplo, no quadro do Dantena (imitação do apresentador José Luiz Datena), uma repórter se chamava "Paula Tejando". Sério, em pleno 2015, esse trocadilho não parece ter perdido a graça para alguns comediantes. No mesmo quadro, Danilo Gentili virou "Danilo Vendirré", algo muito hilário quando se está na sexta série. Em outro momento de humor duvidoso, Ceará pediu ao guitarrista do programa que "tocasse uma" para ele.
Houve boas sacadas, como quando Gabi Herpes perguntou a Danilo Gentilli se ele preferia "direita, esquerda ou textão no Facebook". Porém, a imitação de Marília Gabriela de Ceará deu continuidade as perguntas de duplo sentido, com conotações sexuais, as mesmas que eram feitas no Pânico.
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Não há uma fórmula certa para o humor, é claro que piadas de duplo sentido e trocadilhos podem ser bons. Mas desde que não sejam saturadas e repetidas. A tendência é de renovação no gênero: Tá no Ar e o novo Zorra são bons exemplos que se afastaram dessa velha fórmula. Ceará não pode se basear seu humor só nisso, ele pode mais. É inegável o seu talento para a imitação e atuação - foi ótimo o quadro no qual o comediante interpretou pessoas na rua respondendo o que achavam do novo programa -, além de demonstrar flexibilidade para ser apresentador. Só precisa se reciclar.
A Grande Farsa será exibida em 20 episódios, de segunda a sexta, às 22h30min.