Sentada à beira de um açude, em Mato Grosso do Sul, na tarefa de estreitar laços e ajudar gaúchos a matar a saudade dessa querência que tanto queremos bem. Cena que se repete todo ano na Fazenda São João, em Nioaque, quando músicos são convidados a passar alguns dias levando o Rio Grande em verso e melodia.
Contemplando a luz de um lindo amanhecer foi que recebi do amigo Luiz Carlos Borges a notícia da partida de duas figuras especiais da arte do Sul e, antes de tudo, amigos! Quanta honra ter dividido este espaço de palavras com alguém como Sergio Napp. No momento em que escrevo este texto, numa busca em meu e-mail, encontrei breves recados dele, cheios de carinho e incentivo.
Não me arrisco a qualquer revisão de sua obra - que já não tenha sido feita nestes dias e que vocês já não tenham em bom entendimento. Reviso, sim, ter podido pisar no palco da Califórnia da Canção para defender uma obra sua. É ela que me deixa o seguinte verso: "A saudade quando aperta o seu cerco, não avisa, chega sempre de surpresa...". Espero ter enviado o registro do palco para teu arquivo sentimental, como me pediste!
Os pássaros, estranhamente, seguiram cantando... E, perplexa, percebi que não me despediria de outro amigo. E esse guri, que conheci ainda criança nas bandas de Cruz Alta, viveu intensamente. Éramos pequenos quando nossos pais, amigos de faculdade, descobriram que os filhos se bandeavam para o lado da música e tentaram nos aproximar. Nós, crianças, não encontramos empatia alguma. O que, ainda bem, mudou tempos depois.
Arthur Bonilla já era prodígio naquela época, e eu devo ter me assustado. Não lembro exatamente quando o violão deixou de ser maior que ele, mas percebemos todos quando ele se tornou um grande da música. Arthur viveu intensamente, é verdade...
Ele sempre preferiu a companhia dos amigos mais maduros, as canções de Nelson Gonçalves e, se calculássemos as histórias com o tempo de vida, a conta sempre daria negativa: faltavam alguns anos para tanta experiência. Estivemos juntos no palco no final de 2014 e ficamos com um tango por gravar. Mas teu violão permanecerá cada vez que cantar, prezado amigo.
Os pássaros estarão cantando mais alegres por aí, estou certa!