A franquia Jurassic Park está de volta com mais barulho, menos encanto e uma diferença de princípios, na comparação com suas origens. Se o longa de Steven Spielberg que lançou a série (e toda a febre dos dinossauros nos anos 1990) se construiu sobre efeitos animatrônicos que davam um caráter orgânico aos movimentos dos monstros pré-históricos, o filme que estreia hoje no circuito abusa da computação gráfica para melhor aproveitar as tecnologias de exibição em 3D e Imax.
O fascínio do cineasta Colin Trevorrow (Spielberg abandonou a ideia de dirigir o projeto, mas assina a sua produção) reside sobretudo na aproximação dos animais, o que significa dizer que você pode ir ao cinema esperando closes em bocas e caudas gigantes e muitos sustos com rugidos e pisões amedrontadores - além das perseguições alucinantes, onipresentes nos blockbusters atuais, mesmo aqueles de caráter familiar, como este Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros.
Relembre os filmes da franquia Jurassic Park:
A trama do novo filme se passa 22 anos após a construção do parque original, em uma ilha isolada da América Central, onde a ganância dos mantenedores determinou a criação em laboratório de um dinossauro híbrido enorme que - surpresa! - consegue fugir tocando o terror nas milhares de pessoas que visitam o local.
Jurassic World é bastante reverente aos títulos anteriores: acumula citações, algumas divertidas, outras capazes de tirar a paciência de quem exige ao menos alguma verossimilhança do que vê na tela (até um jipe do parque original que estava abandonado na selva é posto a rodar de uma hora para a outra). Entretanto, o que de fato compromete a fruição são as piadas sem graça em meio à matança e a má atuação da ruiva Bryce Dallas Howard, que persegue o monstro rebelde de salto alto naquele paraíso selvagem.
Ela interpreta uma espécie de gerente do parque, que precisa cuidar de dois sobrinhos (Ty Simpkins e Nick Robinson) em visita ao local justo no momento em que sua segurança entra em colapso. Chris Pratt, o tratador fortão amigo das feras - e, por suposto, flerte da personagem de Bryce Howard -, cumpre bem seu papel como contraponto da patricinha que precisa se reinventar para sobreviver no caos que se estabelece na floresta.
A caracterização dos personagens e a definição de suas funções para a construção dramática, como se pode perceber, são previsíveis demais, o que tira totalmente o encanto que Jurassic World poderia ter. É uma pena.
Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros
De Colin Trevorrow
Aventura, EUA, 2015, 126 minutos.
Estreia nesta quinta-feira no circuito de cinemas.
Cotação: 2 estrelas (de 5).