Brad Bird fez sua fama no cinema assinando desenhos animados como o cultuado O Gigante de Ferro (1999) e duas celebradas produções da Pixar: Os Incríveis (2004) e Ratatouille (2007). Dirigindo gente de verdade, o realizador saiu sem arranhões de Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (2011), mas enfiou os pés pelas mãos em Tomorrowland, que estreia nesta quinta-feira no Brasil com pomposo subtítulo Um Lugar Onde Nada É Impossível.
Hoje um prestigiado supervisor de projetos da Disney/Pixar, Bird foi escolhido para criar uma história em torno de um dos parques temáticos da casa: o Tomorrowland, inaugurado por Walt Disney nos anos 1950 para vislumbrar um futuro com carros voadores, robôs multifuncionais, viagens espaciais e toda a sorte de engenhocas tecnológicas - se deu certo com Piratas do Caribe..., devem ter pensado os executivos da companhia.
Mas se a franquia do corsário Jack Sparrow emplacou por contar com um personagem carismático e uma sua fantasia aventuresca evocar as velhas matinês, Tomorrowland não parece ter pernas para repetir o mesmo sucesso.Coautor do roteiro com Damon Lindelof, Brad viajou sem rumo na imaginação. Bolou uma trama confusa e tola que naufraga na pregação de mensagens edificantes e politicamente corretas.
O fiapo de história aproxima Casey (Britt Robertson), adolescente filha de um engenheiro da Nasa, e Frank (George Clooney), cientista turrão que vive recluso. Ambos, ela hoje e ele nos anos 1960, receberam um misterioso bóton que transporta seus agraciados a outra dimensão, a tal terra do amanhã, habitada por jovens gênios recrutados para construir o mundo perfeito, já que esse em que vivemos está com os dias contados.
Seguindo a tradição da Disney, entra em cena um vilão com planos sinistros (Hugh Laurie), que passa a perseguir os aventureiros e a rebelde menina androide que os ajuda, Athena (Raffey Cassidy). A correria frenética dos heróis, no entanto, perde o fôlego antes de seduzir o espectador para embarcar com eles na rocambolesca jornada, que não demora a ser acompanhada com um olho na tela e outro no relógio.
Resta aTomorrowland a poeira nos olhos para disfarçar sua falta de estofo narrativo, que é a batelada de efeitos visuais. Alguns funcionam muito bem para recriar o universo futurista com ares retrô que se imaginava em meados do século 20 e dar maior liga às cenas de ação. Mas as outros, como mostrar a Torre Eiffel em antena de comunicação com o infinito e além e base de lançamento de foguetes, assim como as referências a personalidades como Julio Verne, Nicolas Tesla e Thomas Edison, não têm pé nem cabeça.
TOMORROWLAND - UM LUGAR ONDE NADA É IMPOSSÍVEL
De Brad Bird.
Ficção científica, EUA, 2015, 129min. Estreia nesta quinta no circuito.
Cotação: regular