Talvez tenha sido o frio, que chegou de vez em Porto Alegre. Quem sabe, o público, que demorou a entrar no Estádio do Zequinha. Quiçá, a doença que acometeu Lemmy Kilmister no início da semana e o tirou de um show em São Paulo. A realidade é que, apesar de bom, o show do Motörhead no festival Monsters Tour foi menos do que poderia ser.
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Como de praxe, Lemmy abriu os trabalhos com a frase "nós somos o Motörhead e tocamos rock 'n' roll". No início, a relação banda-público teve alguma rusga: em determinado momento, o baterista Mikkey Dee levantou e fez um gesto de sono, com as duas mãos espalmadas abaixo da cabeça, como quem diz "acordem". Um pouco depois, Lemmy fez um apelo:
- Nós somos só três e fazemos muito barulho. Vocês são centenas, eu quero ouvir dor!
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Instigados pela banda e levados pelo som altíssimo da apresentação, o público reagiu com palmas e gritos. Porém, não foram poucos os fãs do grupo que ficaram boa parte do show esperando na fila.
Apesar de tudo, Lemmy é um personagem extremamente forte. A todo mundo, gritos de seu nome espocavam no estádio e ganhavam força, fazendo o vocalista parar para ouvir. Com seu vozeirão característico, o britânico comanda uma banda que é quase punk, dada a velocidade de suas músicas, a simplicidade de seus riffs e a força que os três membros apresentam juntos. Até por isso, a frase "eu chamo de rock, mas, se tivesse que escolher, diria que somos mais punk do que metal" é creditada ao frontman. E quem foi ao Monsters Tour viu que é verdade.
No fim das contas, ficou um gosto amargo na língua. Esse show podia ter sido mais. Seja qual for o motivo, podia ter sido mais.