Jovens já quiseram ser caubóis, piratas, samurais e até guerreiros espaciais. Minha geração, não. A gente queria era vestir malhas coloridas, dar porrada em monstros de borracha e pilotar robôs do tamanho do Pão de Açúcar. Se você é dos meus, chore: Chroma Squad acaba de ser lançado.
Espécie de simulador de super sentai (aqueles seriados japoneses dos anos 1980 e 90), Chroma Squad é produto do estúdio brasileiro Behold, conhecido anteriormente pelo jogo Knights of Pen & Paper. Em Chroma..., o jogador dirige dublês de super-heróis que decidiram fazer fama e fortuna com seu próprio programa de TV. Parte da graça é que nunca fica claro se eles estão realmente lutando contra pessoas vestidas de monstros ou enfrentando ameaças reais.
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- Quando começamos o Chroma..., percebemos que poderíamos dar um passo além do Knights..., homenageando os jogos táticos que fizeram sucesso nos anos 1980 e 90. O tema dos sentai era algo que nos acompanhava há um bom tempo, e, quando casamos as ideias, percebemos que tínhamos um grande jogo a caminho - explica Saulo Camarotti, CEO do Behold.
Colocado à venda na semana passada, virou o queridinho da crítica especializada nacional e gringa, considerado desde já o jogo brasileiro do ano - com possibilidade de disputar o "título mundial" com os pesos-pesados da indústria. A rasgação não é à toa, mas Chroma Squad é bem mais do que um jogo de videogame bonito e divertido. É um farol para o incipiente (embora cheio de potencial) mercado de games no Brasil, prova de que o país pode ser mais do que apenas consumidor de entretenimento eletrônico.
- Quem está na indústria sabe o tanto de estúdios independentes ou empresariais que temos. Ou seja, quantidade de estúdios não falta - aponta Camarotti. - Mas percebo que falta qualidade. Existem alguns excelentes (estúdios), os quais podemos contar nas mãos, ou seja, ainda há espaço para mais.
A cópia testada, em versão PC, foi cedida pela loja virtual Splitplay, onde Chroma Squad pode ser comprado por R$ 27,99.
Onde "Chroma Squad" acertou
HUMOR
Como não dá para levar a sério um gênero no qual os heróis usam malhadas coloridas e pilotam robôs gigantes, Chroma Squad capricha no deboche. Além de diálogos cheios de ironia e referências a seriados conhecidos, a piada também está nos cenários e nos personagens - tipo um inimigo que é basicamente uma caixa de papelão usando luvas de boxe. Ou a possibilidade de um dos protagonistas ser um... castor.
MEMÓRIA AFETIVA
A maior parte dos jogadores hoje está na faixa dos 30 anos. Ou seja, nos anos 1980 e 90, eles gastavam seu tempo livre entre o videogame e a TV - que muito provavelmente estava ligada na Manchete, lar dos super sentais. Resultado: colocado para financiamento coletivo, Chroma Squad tocou tão profundamente o coração dos gamers que precisou de poucos dias para conseguir o dobro da grana necessária. Para melhorar, é todo feito em pixel art, que remete à estética dos jogos de 8-bits.
MECÂNICA
Chroma Squad não é um jogo de ação, como se esperaria de um título inspirado em seriados japoneses. É uma mistura de RPG tático, no estilo de Final Fantasy, com simulador de negócios. Ou seja, além de botar pra quebrar nas cenas de ação, o jogador precisa aprender a criar cenários, negociar contratos, produzir figurinos e cuidar do marketing. Tudo para cativar a audiência.
BURBURINHO
Logo que foi anunciado, Chroma Squad virou inquilino dos sites especializados, especialmente pela proposta inovadora e pelo saudosismo que inspirava. Fez tanto barulho que chegou a incomodar a empresa responsável pela franquia norte-americana Power Rangers, que ameaçou travar o título - o que jogou ainda mais luz sobre ele.