Sete anos atrás, quando o trabalho da dupla à frente do Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre ganhou destaque na capa do 2° Caderno de ZH, a ambição de João Pedro Fleck e Nicolas Tonsho era consolidar o evento, que realizavam sem patrocínio e em regime de mutirão, entre os principais do gênero na América Latina. Erguiam o Fantaspoa dentro do quarto de uma casa no bairro Medianeira, sob pilhas de DVDs provenientes de diferentes países.
Nesta sexta-feira, o Fantaspoa dá início a sua 11ª edição listado pela Federação Europeia de Festivais de Cinema Fantástico entre os 22 mais importantes no mundo - é o único da América Latina no grupo.
- Um representante deles acompanhou o Fantaspoa do ano passado e nos deu a nota máxima - diz Fleck, 32 anos, responsável pela direção e curadoria do festival com Tonsho, 29.
Fleck, professor e pós-doutorando em Marketing, e Tonsho, bancário, dedicam-se 10 meses por ano à organização do festival. Para montar a programação das mostras competitivas de 2015, assistiram a cerca de 800 longas e curtas-metragens. Cem deles, vindos de mais de 30 países, serão exibidos até 31 de maio no CineBancários e no Cine Santander.
- Acabaram-se as pilhas de DVDs. Agora só lidamos com arquivos digitais de alta definição - explica Fleck. - Podemos montar todo o festival com nossos laptops de qualquer lugar.
Uma característica do Fantaspoa é a capacidade gerencial de seus organizadores em minimizar custos. A legendagem dos filmes, por exemplo, é feita por uma empresa criada por eles e que, devido à qualidade do trabalho, passou a ser requisitada por outros festivais e mostras do país. A equipe do Fantaspoa, incluindo responsáveis por site e assessoria de imprensa, é de apenas 10 pessoas.
- O evento é orçado em, no mínimo, R$ 350 mil, mas é realizado com um valor total inferior a um terço disso, por meio de parcerias com instituições e da nossa opção de trabalhar sem remuneração, pela manutenção do Fantaspoa e para manter a posição conquistada de principal evento de cinema de gênero na América Latina. Ainda não ganhamos dinheiro com o festival, vivemos de nossas profissões, mas já deixamos de colocar grana de nossos bolsos - explica Fleck.
O Fantaspoa foi um dos poucos projetos culturais do Brasil a ter o patrocínio renovado pela Petrobras em 2015. A parceria com produtoras, distribuidores e entidades como Incaa (Argentina), German Films (Alemanha) e Acción Cultural (Espanha) permite que Porto alegre receba mais de 70 convidados internacionais para participar de sessões comentadas de seus filmes e atividades paralelas.
Nicolas Tonsho e João Pedro Fleck são os diretores e curadores do Fantaspoa
- O carinho dos realizadores e do público fez o Fantaspoa se transformar em evento de congregação e diversão muito querido, do qual todos se empenham em fazer parte - afirma Fleck. - Em 2014, tivemos 30 sessões com lotação esgotada. Queremos chegar em 50. Há espectadores vindo da Argentina. Recebemos e-mails de gente que marca férias para acompanhar o festival, que quer bater seu próprio recorde de filmes vistos.
Fleck e Tonsho também estão colocando o selo Fantaspoa em coproduções de filmes - iniciativa que já resultou em dois longas assinados por cineastas argentinos.
Veja o trailer do Fantaspoa 2015: