Berço do Renascimento, Florença é guardiã de um dos mais importantes legados da arte e da arquitetura ocidental. A riqueza desse patrimônio está nas ruas e no interior do grande número de museus da cidade italiana. Um deles é o Museo Marini Marini, de onde vem a exposição que a Fundação Iberê Camargo inaugura hoje, com abertura ao meio-dia. Do Arcaísmo ao Fim da Forma chega da Itália como a primeira grande mostra no Brasil dedicada a Marino Marini (1901 - 1980). Depois de Porto Alegre, seguirá em julho para a Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Um dos principais nomes da arte moderna italiana no século 20, Marini se notabilizou como escultor com trabalhos cujas formas indicam um tipo de figuração prestes a abstrair. As figuras, contudo, permanecem reconhecíveis, a exemplo de seus cavalos e cavaleiros, tema pelo qual ficou mais conhecido e que, a olhares atentos, oferece diálogos com o escultor gaúcho Vasco Prado (1904 - 1998).
Nascido em Pistoia, na região da Toscana, Marini estudou na Academia de Belas Artes de Florença e circulou pela efervescente Paris do começo daquele século. Mas foi na tradição e na ancestralidade que encontrou seu vocabulário - daí a noção de arcaísmo em sua obra. Além do legado renascentista, suas influências foram as artes do mediterrâneo.
- As coleções egípcias e etruscas presentes em museus de Florença foram importantes para levar seu pensamento a um nível de abstração formal, decisivo na fase posterior, a partir dos anos 1930 - diz o curador italiano Alberto Salvadori.
Diretor artístico do Museu Marino Marini em Florença, Salvadori reuniu para a exposição mais de 80 peças, com o objetivo de oferecer um percurso da trajetória de Marini.
- Há muitas obras importantes, que vão desde os anos 1930 até os 70. Cada década é representada por peças-chave. É um caminho completo e significativo para a compreensão da produção de Marini - diz.
Um dos destaques é uma escultura que, curiosamente, está no Brasil: Grande Cavallo, prêmio de melhor escultura na Bienal de Veneza de 1952. A obra foi comprada no mesmo ano pelo mecenas ítalo-brasileiro Ciccillo Matarazzo e pertence ao acervo do MAC-USP de São Paulo. Na exposição, recebe os visitantes no átrio da Fundação Iberê Camargo.
Pesquisador da obra de Marini, Salvadori conta que há um hiato de pelo menos 50 anos na recepção da obra do artista no Brasil:
- Nos anos 1950, Marini se envolveu com Pietro Maria Bardi em uma exposição no Masp (Bardi dirigiu o Museu de Arte de São Paulo de 1947 a 1996). Desde então, não havia sido realizado nenhum projeto dedicado a sua obra. Esta exposição é a maior de Marino Marini fora da Itália.
Marino Marini: do Arcaísmo ao Fim da Forma
> Abertura neste sábado (11/4), a partir das 12h. Visitação de terça a domingo (inclusive feriados), das 12h às 19h (último acesso às 18h30min), exceto às quintas, quando o museu fica aberto das 12h às 21h (último acesso às 20h30min). Até 21 de junho.
> Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2.000), em Porto Alegre, fone (51) 3247-8000. Entrada gratuita.
> Estacionamento: pago, no subsolo da Fundação, com entrada pela Av. Padre Cacique, no sentido Zona Sul, pelo lado direito da pista.