Desde que vi pela primeira vez aquele senhor elegante, de fina ironia, com um violão a tiracolo, a caminho do Opala 1988, cinza metálico, com o qual se deslocava pela Cidade Baixa, quase todas as noites, percebi que estava diante de uma figura cult.
Admirado e querido pelos jovens frequentadores do bairro, o que lhe dava visível satisfação, movia-se com desenvoltura entre eles, como se fossem amigos de longa data. Ao escrever sua biografia, senti-me instrumento de uma vontade coletiva, como se Porto Alegre atendesse, enfim, ao apelo das novas gerações de frequentadores da Cidade Baixa para reparar um erro histórico, que costuma cometer com frequência - a falta de reconhecimento à trajetória de seus artistas.
O lançamento de Darcy Alves - Vida nas Cordas do Violão, pela Libretos, em 2010, representou para o professor Darcy o ápice desse reconhecimento público, num momento em que ele estava lúcido e muito ativo. Disso me orgulharei para o resto da vida.
*Jornalista, biógrafo de Darcy Alves