Na trilogia Matrix, os irmãos Andy e Lana Wachowski captaram percepções coletivas reais para criar um universo fabular que encantou no início - mas que, conforme o lançamento dos filmes e o desenrolar da fantasia, se revelou mais confuso e pobre do que prometia.
Com O Destino de Júpiter, sua mais nova ficção científica, que está em cartaz desde quinta-feira nos cinemas, ocorre um fenômeno parecido: explorando a ideia de que há vida mais evoluída em outros planetas, comprovada por visitas de alienígenas que limpam seus rastros inclusive manipulando a memória de quem os vê, os cineastas formularam uma mitologia tão criativa quanto a anterior. Mas que não demora tanto para se mostrar oca.
Na trama, Júpiter (Mila Kunis) é uma imigrante russa que vive como faxineira nos EUA até se descobrir descendente de uma linhagem nobre de extraterrestres que detêm poder sobre vários planetas. Conforme seus códigos particulares, a Terra "pertence" a ela. Ainda que se trate de um planeta jovem, as bilhões de vidas que o habitam valorizam o poder da garota - o que desanca uma guerra para capturá-la. Um guerreiro intergalático metade homem, metade lobo (Channing Tatum) vai ajudá-la - e firmar laços afetivos com ela, por óbvio.
No meio da guerra, aparecem mercenários interplanetários, um velho parceiro do mocinho e um cruel vilão disposto a capturá-la (interpretado por Eddie Redmayne, o Stephen Hawking de A Teoria de Tudo). Não que seja tudo confuso - é apenas pobre, mesmo. Se você quer ver sequências espetaculares de ação, quebra-quebras que põem abaixo a cidade de Chicago (e depois a reconstroem sem que os humanos se deem conta), pode encontrar um bom programa em O Destino de Júpiter. Mais do que isso o filme não oferece.
O Destino de Júpiter
(Jupiter Ascending)
De Andy e Lana Wachowski
Ficção científica, EUA, 2015, 127min.
Em cartaz no circuito.
Cotação: ruim.