Se tem um dispositivo que eu desprezo nessa vida de jogador de videogame, esse dispositivo é o Kinect. Quando foi lançado, em 2010, parecia que haviam descoberto a partícula de deus. "Esqueçam os joysticks, agora o corpo está no controle", diziam eles. Passada a euforia inicial, conclui-se que os únicos jogos que funcionavam de fato com o bicho eram os joguinhos de dança, aeróbica e afins. Ou seja, um aparelho excelente para quem quer perder peso ou animar uma festinha.
Jogatina que é bom, necas.
Esse meu desprezo durou até o final de semana, quando joguei D4 - Dark Dreams Don't Die. Desenvolvido pela Acess Games com exclusividade para XBox One, o jogo é um episodic game - como são conhecidos os jogos lançados em formato de capítulos, na linha das já clássicas (e bem sucedidas) adaptações da Telltale para as séries de TV The Walking Dead e Game of Thrones.
O primeiro capítulos de D4 foi lançado em outubro do ano passado e está agora disponível de graça para assinantes da XBox Live Gold. Nele, o jogador é apresentado ao estranho universo do não menos estranho David Young, um ex-policial chegado em tequila 100% agave, dono de uma gata com corpo de mulher (literalmente) e cuja mulher foi assassinada em circunstâncias misteriosas.
Confira outras matéria sobre games
Para tornar tudo ainda mais surreal, David possui poderes paranormais que o permitem, através do toque em determinados objetos (chamados no jogo de mementos), viajar no tempo e reviver momentos em que aqueles objetos estavam presentes. Arquivo X feelings, vai dizer?
Mas o que chama a atenção no jogo, além do visual estilo O Homem Duplo, é o uso que faz do Kinect. Foi aí que D4 me pegou. Guardadas as devidas limitações do aparelho, a interação é rápida e eficiente. David se locomove com fluidez pelo cenário e pode acessar áreas que não estão visíveis com um simples balançar de corpo do jogador. O mesmo vale para pegar ou empurrar objetos e abrir portas, basta um movimento de mão.
E ainda há as batalhas, a cereja do bolo de D4. Com animações que lembram as de um anime, o jogador é levado a praticar, usando o sensor de movimentos, os mesmo golpes e movimentos que David precisa executar para sair vencedor - incluindo gritar para atordoar o oponente. As sequências são eletrizantes e muito divertidas. Com o mesmo sistema de comando, o jogador dirige David pelo cenário, conversa com outros personagens e investiga elementos com potencial para ajudá-lo em sua investigação.
De longe - de muito, muito longe - é o primeiro jogo que justifica o Kinect. Pelo menos para mim. Que venha o segundo capítulo de D4.
Jogatina Tech
Gustavo Brigatti: "D4" justifica o Kinect (finalmente)
Jogo exclusivo da Acess Games para XBox One faz excelente uso do dispositivo de movimento
Gustavo Brigatti
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project