Mônica Salmaso nunca foi uma artista popular. O repertório refinado e as formações semiacústicas que privilegiam a presença dos músicos acompanhantes sempre colocaram a cantora paulistana mais próxima da música de câmara do que da programação radiofônica. O pendor da intérprete de colocar sua linda voz de meio-soprano como um instrumento a serviço de uma sonoridade quase erudita atingiu sua culminância em Corpo de Baile. O disco reúne 14 parcerias de Guinga e Paulo César Pinheiro - uma das dobradinhas mais criativas da MPB contemporânea.
Críticos de música elegem os melhores discos de 2014
São canções de várias épocas, inéditas ou registradas em álbuns de pequenas tiragens - a exceção é Bolero de Satã, clássico do repertório de Elis Regina. Para abordar esse variado cancioneiro - que vai do fado em Navegante aos ecos de cantos indígenas de Curimã, passando pela valsa em Noturna -, Mônica convocou um time de arranjadores de alto nível: Dori Caymmi, Tiago Costa, Nailor "Proveta" Azevedo, Teco Cardoso, Luca Raele, Nelson Ayres e Paulo Aragão. A riqueza da instrumentação inclui violão, viola caipira, piano, cordas, clarinetes, banda de sopros, baixo acústico e percussão. É uma celebração da música de excelência - brasileira e universal. (Roger Lerina)
Confira os melhores do ano em diversas áreas segundo a equipe do 2º Caderno
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Confira outros discos eleitos pelo júri reunido por Zero Hora (a lista completa pode ser encontrada aqui):
André Mehmari
Ernesto Nazareth Ouro sobre Azul
Mehmari cresceu ouvindo a mãe tocar Nazareth. O que faz hoje, 37 anos depois, a pretexto de homenagear os 150 anos do nascimento de um dos pais da música brasileira moderna, é muito mais que isso. Seu extraordinário piano apresenta um Nazareth como nunca se ouviu antes. (Juarez Fonseca)
Beck
Morning Phase
Primeiro álbum de músicas inéditas em seis anos, considerado pela crítica o melhor desde Sea Change (2002), Morning Phase combina em belas canções arranjos muito elaborados, peso, minimalismo e o espírito melancólico que é a marca registrada do astro indie norte-americano. (JF)
Jack White
Lazaretto
O endiabrado White vem sendo personagem de capa do rock desde que surgiu com o White Stripes, em 1999. Neste segundo disco solo, cruza com total competência gêneros como funk, ragtime, blues e jazz cigano. No formato vinil, é o mais vendido nos EUA desde 1991. (JF)
Keith Jarrett & Charlie Haden
Last Dance
O título era premonitório. Ao gravar na casa do pianista em Nova Jersey, em 2007, o baixista Haden, que morreu em julho passado, aos 77 anos, não poderia imaginar que seria sua última sessão. Eles passeiam pelos standards do jazz e o resultado é nada menos que sublime. (Paulo Moreira)
Leandro Maia
Suíte Maria Bonita e Outras Veredas
Diadorim e Riobaldo, Dulcineia e Dom Quixote, Bibiana Terra e Rodrigo Cambará são alguns personagens do terceiro disco solo de Leandro Maia. Feito em parceria com André Mehmari na fronteira entre popular e erudito, afirma o compositor gaúcho entre os novos nomes de ponta da MPB. (JF)
Leonard Cohen
Popular Problems
Produzir música de qualidade aos 80 anos não é pouca coisa para um poeta desiludido com o mundo. "Apenas escuridão agora", diz. Tudo embalado por aquela voz que vem das profundezas e com tênue música incidental criada por Patrick Leonard, produtor, pasmem, de Madonna. (PM)
Paquito DRivera and Trio Corrente
Song for Maura
A parceria entre o saxofonista e clarinetista cubano e o trio paulista rendeu o Grammy de melhor álbum latino de jazz de 2014. Quem tinha dúvidas sobre a eficácia, pôde conferir ao vivo no primeiro Porto Alegre Jazz Festival, realizado em outubro. MPB com pimenta caribenha. (PM)