A banda saíra do palco fazia alguns minutos e um zumbido insistente pairava no ar. Ele emanava das caixas de som, mas também ecoava nos ouvidos das milhares de pessoas que compareceram ao Pepsi On Stage na noite de sábado. Era como que um resquício do pacto sônico exigido pelo Queens of the Stone Age, que estreou em Porto Alegre encerrando a turnê brasileira.
Logos nas primeiras notas de You Think I Ain't Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire ficou claro que o QOTSA não estava ali para entreter a plateia. A missão de Josh Homme e seu quarteto era encher os consultórios de otorrinos e ortopedistas com tímpanos triturados, pescoços contorcidos, pernas e braços moídos e costas em petição de miséria.
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A frente dessa máquina de moer gente, um bem humorado e comunicativo Josh Homme procurou agradar a antigos acólitos e recém convertidos - mas sempre focando em canções de apelo, nada de lados B. Quem se apaixonou pelo QOTSA no blockbuster ... Like Clockwork (2013) se fartou com My God is the Sun, The Vampyre of Time and Memory, If I Had a Tail, I Sat By the Ocean, Fairweather Friends, Kalopsia e Smooth Sailing. Fãs do disco mais famoso do grupo, Songs for the Deaf (2002), não tiveram do que reclamar com You Think..., Go With the Flow, Song for the Dead, Hanging Tree e Do it Again.
Quem não deixou de acompanhar a banda entre esse hiato de sucesso comercial foi premiado com Burn the Witch, In My Head e Little Sistes (faixas de Lullabies to Paralyze, 2005) e Turnin on the Screw, Sick, Sick, Sick, Misfit Love e Make it Wit Chu. Ficaram de fora, para decepção dos seguidores mais fiéis, canções do homônimo primeiro disco (1998), mas dois petardos do segundo trabalho, Rated R (2000), levantaram defunto: The Lost Art of Keeping a Secret e o hino Feel Good Hit of the Summer, entoado em uníssono por todo o público.
Mais do que uma experiência musical do que pode ser o último suspiro de criatividade e força do rock, o Queens of the Stone Age proporciona uma catarse física em suas apresentações ao vivo. Cabeças começam a bater automaticamente logo na introdução de Go With the Flow e assim vão até o fim, rodas de pogo se abriram em Song for the Dead e Sick, Sick, Sick colocou o público dentro da turbina de um jato supersônico.
Ao final de quase duas horas disso tudo, um zumbido no ouvido até que ficou barato.