A busca pela cura de uma doença rara move o enredo de Animal, série semanal de 13 episódios que estreia no canal GNT nesta quarta-feira, às 23h. Com locações em Minas do Camaquã, distrito de Caçapava do Sul, na região da Campanha, a atração é dirigida pelo gaúcho Paulo Nascimento e apresenta como protagonista Edson Celulari.
O ator vive o biólogo João Paulo Gil, que volta à fictícia cidade fronteiriça de Monte Alegre em busca dos estudos feitos pelo pai, de quem herdou a teriantropia, distúrbio que faz com que ele, em momentos de crise, pense ser um animal (no caso, um puma). Dr. Gil saiu do lugar ainda pequeno, após a morte do pai, quando sua mãe decidiu fugir por temer a fúria dos moradores. Os sentidos aguçados do personagem vão auxiliá-lo em sua investigação para uma possível cura, em meio aos muitos mistérios que rondam a cidade.
Animal surgiu como um projeto encomendado a Nascimento pela Globo: uma série de suspense que não fosse do gênero policial.
- Liguei para a minha filha e pedi que ela pegasse filmes de lobisomem - diz o diretor e roteirista. - Assistimos a todos do gênero. A primeira ideia foi licantropia (síndrome psiquiátrica em que o paciente acredita ter se transformado em um animal, como um lobisomem), mas está muito batido. Aí, comecei a pesquisar as variações e achei a teriantropia, porque queria algo que fosse científico e tivesse embasamento. É uma esquizofrenia, só que a pessoa pensa que é um determinado bicho e começa a imaginar os poderes do animal. É uma doença raríssima, tem entre oito e 10 casos no mundo.
Diante da fila de espera para exibir produções na TV Globo, a produção saiu do papel com destino ao GNT. Ao pensar em um puma, Celulari foi o primeiro nome que veio à cabeça de Nascimento:
- Liguei e, na mesma hora, ele topou.
De cabelos longos e grisalhos, aos 56 anos, o ator está bem diferente dos galãs já fez na TV.
- É o personagem mais complexo que já fiz - afirma Celulari. - É muito rico em humanidade, em conflito. Tem o tempo contado porque a doença é progressiva, dá a ele uma sensibilidade específica que lembra os instintos animais.
A ligação do ator com o Rio Grande do Sul é antiga. Celulari é filho de uma gaúcha de Candelária e foi acostumado pela mãe a comer bolinhos de arroz e sagu. Na temporada em Caçapava, ele não dispensou o chimarrão e o pinhão. Sem falar nos churrascos de valeta, que ainda serviam para aquecer. Antes da segunda temporada do seriado, prevista inicialmente para 2015, Celulari tem outro trabalho em vista: está escalado para a próxima novela das sete da Globo, Alto Astral.
Por dentro da trama:
- Cristiana Oliveira interpreta Mariana, prefeita da fictícia Monte Alegre. Ex-delegada da cidade, ela vive um casamento de aparências com um deputado corrupto e logo se apaixona por Dr. Gil (Edson Celulari), ajudando-o em sua busca pela cura.
- O elenco conta ainda com Fernanda Moro, como Lia, filha adotiva da dona do bordel local; Leonardo Machado, que vive Felipe, neto de Dr. Estácio (Clemente Viscaíno), um dos poderosos da cidade; e Nelson Diniz, como o misterioso Jaques.
- Paulo Nascimento rodou no mesmo cenário de Minas do Camaquã seu longa-metragem Valsa para Bruno Stein (2007), com Walmor Chagas.
- A trilha sonora de Animal é assinada por Silvio Marques, ex-integrante do Musical Saracura. Ele reuniu faixas próprias e, entre outras, Asa Morena, de Zé Caradípia, na voz de Luiza Caspary; Armadilha, de Nelson Coelho de Castro e Dedé Ribeiro, cantada por Zeca Baleiro; Romance, de Nei Lisboa, com Ná Ozzetti; Canção da Meia-Noite, de Zé Flávio, famosa com Os Almôndegas e agora na versão de Serginho Moah (do Papas da Língua); e Dont, de Bebeto Alves, pelo próprio.
- Todos os 13 episódios de Animal foram gravados e editados no Rio Grande do Sul. Uma ilha de edição foi instalada em Minas do Camaquã para dar início à montagem dos episódios ainda em meio à produção.
- Um CTG da localidade de Guaritas, distrito de Caçapava do Sul, serviu de base para a equipe de 70 pessoas envolvidas nas gravações. O local serviu de refeitório, sala de descanso e escritório da produção.