A civilização humana já se despedaçou inúmeras vezes e por várias razões no cinema. Crise do petróleo, escassez de recursos naturais, invasão alienígena, apocalipse zumbi, enfim. Agora, Planeta dos Macacos - O Confronto tenta provar que nem mesmo uma sociedade composta por macacos cheios de boas intenções consegue se manter por muito tempo.
O filme, que estreia neste final de semana em Porto Alegre, começa 10 anos após os eventos do primeiro longa, Planeta dos Macacos - A Origem (2011). O vírus criado em laboratório através de experiências com macacos dizimou quase toda a humanidade - e o restante decidiu que era uma boa ideia matar uns aos outros ao invés de buscar uma solução.
Enquanto isso, os símios, modificados geneticamente e imunes à infecção, são liderados por Cesar (Andy Serkis, repetindo seu papel em outra atuação fenomenal) até uma reserva florestal de São Francisco. Lá, começam a erguer os pilares de uma nova civilização, baseada na união e no respeito mútuo.
Claro que esse equilíbrio só dura até o reaparecimento de um grupo de humanos. O inusitado encontro, ao mesmo tempo em que reabre feridas de ambos os lados, também é visto como uma oportunidade de salvação pelo menos para a raça humana. A partir daí, percebe-se a mão habilidosa do diretor Matt Reeves, que não privilegia nenhuma raça e apaga a linha óbvia que divide mocinhos e bandidos.
Para Reeves, todos, sejam macacos ou homens, têm motivações justas para tentar a paz ou convocar a guerra. Cesar, por exemplo, teve boas experiências com os humanos, enquanto seu braço direito, Koba (Toby Kebbell), passou a vida como cobaia em laboratórios. O líder militar Dreyfus (Gary Oldman) culpa os macacos pela morte da família, diferentemente de Malcolm (Jason Clarke), preocupado mais em restabelecer a civilização do que procurar responsáveis.
Talvez uma das grandes sacadas de Planeta dos Macacos - O Confronto seja justamente a de não delimitar para o espectador de que lado ele deve ficar - ou, em último caso, quem deve ganhar, seja lá o que for.
Mais: os humanos merecem uma segunda chance ou chegou a vez de uma outra raça tomar conta do planeta? O diretor não oferece uma resposta simples. Sua única dica é que a saída, definitivamente, não será nunca pela ponta da baioneta.
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Gustavo Brigatti
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