Conheço a palavra "soledad" hace mucho. Em espanhol, tem o significado de solidão e até algum parentesco com nossa linda saudade.
Ao contrário de seu sentido literal, Soledad é também nome comum nos países de origem hispânica e na música de três cantoras que admiro e respeito.
Pela ordem cronológica, é preciso começar falando de Soledad Bravo. Nascida na Espanha, radicou-se muito cedo na Venezuela. São mais de 30 discos lançados, shows pelo mundo inteiro e uma parte fundamental de sua carreira ligada às temáticas sociais na época das ditaduras pela América. Conheci seu trabalho primeiro em um disco que canta, algo assim, afro-caribenho, ao lado de grandes músicos como Paquito D'Rivera e Eddie Goméz. Um álbum cheio de suingue, talento musical e um sotaque de América Central muito forte. Em seguida, encontrei-a interpretando a obra de Alfredo Zitarrosa acompanhada da Orquestra da Venezuela. Delicada e profundamente folclórica. Fiquei encantada e virei fã.
Soledad Villamil vi pela primeira vez no filme O Segredo dos Seus Olhos. Adoro Ricardo Darín e fui ver o filme. Acabei me encantando, também, pela atriz Villamil. Descubro que a moça canta, brinca com tangos e milongas de uma maneira moderna e consegue usar o palco para cantar e atuar ao mesmo tempo, aptidão que sempre me deslumbra quando assisto a espetáculos musicais. Apesar de nunca ter assistido ao seu show, já ouvi bons comentários.
E eis que a última Soledad da qual lhe falo foi a primeira que conheci. Minha mãe voltava de uma viagem ao Chile e me trouxe um CD e uma fita K7 daquela jovem cantora que algum vendedor de loja de discos tinha indicado. Identificação instantânea: chacareras, chamamés, zambas e polcas tomavam conta daquele repertório cheio de energia de uma jovem que revitalizava o folclore do país vizinho. Soledad Pastorutti, La Sole ou o Furacão de Arequito (sua terra natal), virou fenômeno. Botou a gurizada a rebolear ponchos em seus shows com dezenas de milhares de pessoas. São quase 20 anos de carreira, e ela tem apenas 33. Apresenta um programa de TV por lá, Ecos de mi Tierra, e é jurada do The Voice. Há pouco, gravou um disco com a espanhola Niña Pastori e a mexicana Lila Downs, caminha em busca de integração, do folclore, da raiz e da modernidade.
No domingo, estaremos no Teatro do Sesi. Qualquer semelhança não é mera coincidência. La Sole foi inspiração quando resolvi me arriscar a levar a música a sério em 2004, e será emocionante celebrar os meus 10 anos de carreira na mesma noite. Primeira década começa com comemoração com o pé direito. Espero vocês para festejarmos!